19.04.2013 Views

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

se às pedras da calçada.<br />

Amhal levantou-se com calma, caminhou até ele, ergueu a espada.<br />

Um “Não!” peremptório ecoou longe <strong>de</strong>mais. Baixou a lâmina. E só voltou a ouvir o barulho da<br />

chuva.<br />

– Maldito!<br />

Alguém caiu em cima <strong>de</strong>le atacan<strong>do</strong>-o com uma saraivada <strong>de</strong> socos no peito, arranhan<strong>do</strong> seu<br />

rosto. Uivava com uma voz <strong>de</strong>sumana. Coube a Mira apartá-los.<br />

Era uma mulher.<br />

– Acalme-se – disse o mestre, enquanto tentava segurá-la, mas ela livrou-se e correu para o<br />

menino estira<strong>do</strong> no chão, exânime. Apesar da chuva, dava para perceber o cheiro <strong>de</strong> sangue.<br />

– O que é que você fez? – Mira estava visivelmente <strong>de</strong>scontrola<strong>do</strong>.<br />

Uma mulher com o filho. Eis quem eram os intrusos. Ele matara um menino. A consciência<br />

disto não trouxe consigo nenhum sentimento <strong>de</strong> culpa.<br />

“Para um bem maior.”<br />

– O meu <strong>de</strong>ver – respon<strong>de</strong>u Amhal.<br />

O golpe chegou cortante. Um bofetão.<br />

– Você só tem <strong>de</strong> <strong>de</strong>tê-los! Detê-los e prendê-los! Era praticamente uma criança!<br />

Amhal permaneceu imóvel sob a chuva, pensan<strong>do</strong> na enormida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que havia aconteci<strong>do</strong>.<br />

Mira nunca o golpeara antes.<br />

Porque nunca fiz algo pareci<strong>do</strong>.<br />

Antes <strong>de</strong> conhecer San, jamais se teria porta<strong>do</strong> daquele jeito. Porque então mantinha a fúria sob<br />

controle, mortificava-a castigan<strong>do</strong>-se toda vez que era <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por ela.<br />

Não se ren<strong>de</strong>u.<br />

– Ele teria fugi<strong>do</strong>, mestre, mesmo feri<strong>do</strong> continuava a arrastar-se no chão... Iria contagiar<br />

to<strong>do</strong>s!<br />

Mira fitava-o fremente <strong>de</strong> raiva.<br />

– Há um posto <strong>de</strong> quarentena, lá fora, ou será que esqueceu? É para lá que os mandamos,<br />

maldição! E, além <strong>do</strong> mais, parecia-lhe <strong>do</strong>ente?<br />

Amhal apertava e soltava os punhos sem parar. Atrás <strong>de</strong>le, o lamento agu<strong>do</strong> e insuportável da<br />

mulher.<br />

Mira aproximou-se.<br />

– O que há com você, Amhal? Mu<strong>do</strong>u muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que eu viajei.<br />

O jovem sentiu a face latejar, on<strong>de</strong> o mestre o golpeara. Não respon<strong>de</strong>u. Tinha muita coisa a<br />

contar, mas os pensamentos se recusavam a se concretizarem em palavras, enquanto aquele<br />

oprimente sentimento <strong>de</strong> culpa que o acompanhara durante a vida inteira pouco a pouco se<br />

apo<strong>de</strong>rava <strong>do</strong> seu peito.<br />

– Amanhã ficará preso na Aca<strong>de</strong>mia. E não se atreva a sair enquanto não se acalmar – disse<br />

Mira. Em seguida foi socorrer a mulher.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!