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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Do outro la<strong>do</strong> da porta, ruí<strong>do</strong>s mais violentos. Os inimigos estavam se aproximan<strong>do</strong>.<br />

O coração <strong>de</strong> Adrass pulou <strong>de</strong>scontrola<strong>do</strong>.<br />

– Morrerei, mas o nosso trabalho não será perdi<strong>do</strong>. Sim, morrerei, mas o nosso trabalho<br />

não terá si<strong>do</strong> em vão... – repetia como um mantra as frases que lhe haviam ensina<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se<br />

tornara Vigia.<br />

Se pelo menos colaborasse!, surpreen<strong>de</strong>u-se ao pensar quase com raiva. Por que a criatura<br />

não acordava?<br />

Puxou-a para longe da mesa, com força, ela <strong>de</strong>smoronou inerte no chão. Mal conseguia<br />

mexer os lábios.<br />

Adrass pegou uma ampola com água e <strong>de</strong>rramou-a em cima da criatura. Ela estremeceu.<br />

– Isso mesmo, muito bem... preste atenção.<br />

Segurou-a pelos ombros, fitou-a nos olhos, olhos apaga<strong>do</strong>s. Talvez ainda fosse ce<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>mais... Procurou afastar o pensamento.<br />

– Agora vamos sair daqui, está enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>? Preste atenção!<br />

Um vislumbre <strong>de</strong> vaga compreensão animou os olhos da criatura.<br />

– Isso mesmo, é assim que se faz!<br />

Um estron<strong>do</strong> <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da porta. Adrass estremeceu. Segurou o corpo por trás, voltou a<br />

levantá-lo e arrastou-o consigo.<br />

Conseguiu alcançar um botão na pare<strong>de</strong>. Uma pequena parte <strong>do</strong> muro estalou revelan<strong>do</strong> um<br />

caminho estreito e escuro.<br />

– Procure manter-se <strong>de</strong> pé, eu lhe peço... – gemeu.<br />

Curvou-se para entrar na passagem. A criatura se queixava, mas finalmente começava a<br />

mexer-se.<br />

– Isso mesmo, vamos lá...<br />

Roçava nas pare<strong>de</strong>s úmidas <strong>de</strong> musgo. Logo atrás, a criatura avançava a duras penas. Os<br />

ruí<strong>do</strong>s da luta abafaram-se a distância, e o coração <strong>de</strong> Adrass <strong>de</strong>teve a sua louca corrida.<br />

Posso conseguir, acho que posso conseguir...<br />

– Por aqui! – berrou, viran<strong>do</strong>-se ao chegar à primeira bifurcação, e continuou em frente, até<br />

parar diante <strong>de</strong> uma pare<strong>de</strong>.<br />

– Chegamos, chegamos – disse mais para si mesmo <strong>do</strong> que para a criatura. Com mãos<br />

trêmulas empurrou um tijolo e, à sua frente, <strong>de</strong>scortinou-se um minúsculo aposento. Segurou<br />

um braço da criatura e empurrou-a para <strong>de</strong>ntro. Ela ensaiou um gemi<strong>do</strong> <strong>de</strong> queixa. Quan<strong>do</strong><br />

passou a mão no seu rosto, percebeu que estava molha<strong>do</strong>. Ela estava choran<strong>do</strong>. Por um<br />

momento, o homem ficou com pena, sentiu um aperto no coração.<br />

Lembrou as palavras <strong>do</strong> Vi<strong>de</strong>nte: “As criaturas não passam <strong>de</strong> meros objetos. São os<br />

instrumentos da nossa salvação, e é <strong>de</strong>ste jeito que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas. Não pensem nelas<br />

como pessoas; não são nada disto. Livrem-se <strong>de</strong> qualquer pena ou afeição que possam<br />

porventura sentir por elas: estes sentimentos seriam meros estorvos no cumprimento da nossa<br />

missão.”<br />

Adrass recuperou o controle <strong>de</strong> si mesmo.

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