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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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<strong>Adhara</strong> acor<strong>do</strong>u ao alvorecer. A luz penetrava com prepotência no quarto. Os batentes estavam<br />

fecha<strong>do</strong>s, mas a parte <strong>de</strong> cima da janela bífore era formada por um <strong>de</strong>senho geométrico<br />

entrelaça<strong>do</strong>. Os raios eram filtra<strong>do</strong>s pelos furos, até bater em seus olhos, no travesseiro. Pediu<br />

arrego na mesma hora. Já tinha si<strong>do</strong> difícil pegar no sono ao anoitecer, voltar a <strong>do</strong>rmir agora,<br />

com a luz nos olhos, então, nem pensar. Ainda mais porque aquele era o primeiro dia da sua nova<br />

vida.<br />

Vestiu-se com cuida<strong>do</strong>. Perguntou-se se os seus trajes seriam aceitáveis, se não seria melhor<br />

usar roupas femininas naquele lugar, mas concluiu que se sentia mais à vonta<strong>de</strong>, daquele jeito, e<br />

que isto servia pelo menos para abrandar a sua <strong>de</strong>sorientação. Só teve alguma dúvida a respeito<br />

<strong>do</strong> punhal, e foi então que bateram à porta.<br />

Amhal!, pensou na mesma hora e se apressou em abrir. Viu-se diante <strong>de</strong> um rapazola que vestia<br />

um casaquinho branco. Devia ser mais jovem que ela, mas mesmo assim fitava-a com um ar <strong>de</strong><br />

vaga superiorida<strong>de</strong>.<br />

– Sua Alteza, o príncipe Neor, quer vê-la. Man<strong>do</strong>u avisar que está esperan<strong>do</strong> nos bastiões <strong>do</strong><br />

palácio.<br />

<strong>Adhara</strong> não po<strong>de</strong>ria ter fica<strong>do</strong> mais surpresa. Tentou juntar as coisas. Neor era aquele na<br />

ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas, o mais estranho da família. O que po<strong>de</strong>ria querer <strong>de</strong>la?<br />

– Não sei on<strong>de</strong> ficam os bastiões... – disse, confusa.<br />

O rapazinho <strong>de</strong>u-se ao luxo <strong>de</strong> um sorriso um tanto goza<strong>do</strong>r.<br />

– Com efeito, mandaram que a levasse até lá. – E <strong>de</strong>u as costas, fican<strong>do</strong> à espera no corre<strong>do</strong>r.<br />

<strong>Adhara</strong> pren<strong>de</strong>u os cabelos com uma fita e encaminhou-se.<br />

À medida que avançava palácio a<strong>de</strong>ntro, o ambiente ao seu re<strong>do</strong>r mudava. Dos muros<br />

mancha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mofo <strong>do</strong> andar on<strong>de</strong> <strong>do</strong>rmira, ao reboco simples mas limpo <strong>do</strong> andar <strong>de</strong> cima, até<br />

os estuques e a suntuosa <strong>de</strong>coração das alas nobres. Tapeçarias nas pare<strong>de</strong>s, can<strong>de</strong>labros <strong>de</strong><br />

ouro, carpete vermelho por toda parte, mosaicos ou afrescos no teto. E muito ouro por to<strong>do</strong>s os<br />

cantos, numa atmosfera quase sufocante.<br />

Será que sabe alguma coisa a meu respeito? Será que eu sou <strong>de</strong>ste lugar? Ou então me<br />

reconheceu e quer mandar pren<strong>de</strong>r-me porque sou uma criminosa?<br />

Uma mixórdia <strong>de</strong> hipóteses confusas enchia-lhe a cabeça, fazen<strong>do</strong> pulsar com força o sangue<br />

em suas têmporas.<br />

Entraram numa ampla sala, muito iluminada. Uma pare<strong>de</strong> era coberta por espelhos com<br />

molduras <strong>do</strong>uradas, mas a <strong>de</strong> frente para a entrada era totalmente envidraçada. Na parte <strong>de</strong> baixo,<br />

o vidro era incolor e <strong>de</strong>ixava a luz entrar, muito pura; a parte superior, por sua vez, era<br />

historiada, formada por muitos vidros colori<strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s juntos com fios <strong>de</strong> chumbo,<br />

representan<strong>do</strong> figuras: lutas <strong>de</strong> dragões, cavaleiros, exércitos em formação <strong>de</strong> batalha. <strong>Adhara</strong><br />

<strong>de</strong>ixou-se fascinar por aquelas figuras e teve <strong>de</strong> correr ao perceber que o rapaz já tinha saí<strong>do</strong>.<br />

Do la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora havia uma gran<strong>de</strong> varanda, com pelo menos vinte braças <strong>de</strong> comprimento. Era<br />

cercada por um parapeito <strong>de</strong> tijolos, com pequenas colunas variadamente enfeitadas, e dava para<br />

um imenso jardim cujo ver<strong>de</strong> vivo criava um agradável contraste com o branco leitoso <strong>do</strong> céu<br />

estivo. Nem mesmo a tempesta<strong>de</strong> noturna tinha consegui<strong>do</strong> amenizar o ar abafa<strong>do</strong>.<br />

Neor estava senta<strong>do</strong> a uma mesa coberta com uma toalha cândida. Em cima <strong>de</strong>la, uma cesta

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