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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Amhal não respon<strong>de</strong>u, continuou a curá-lo.<br />

– Quero saber quem sou. Por que sou assim. – Levantou os olhos. – E o que tenho <strong>de</strong> fazer.<br />

– Saberá logo – disse San com calma. – Vou lhe contar tu<strong>do</strong>. Chegou a hora.<br />

Amhal permaneceu impassível.<br />

Alguma coisa se mexeu atrás <strong>de</strong>les.<br />

<strong>Adhara</strong> fora no encalço <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>sesperada, os olhos para o céu tentan<strong>do</strong> acompanhar o voo da<br />

viverna, rápida <strong>de</strong>mais, muito distante para conseguir acompanhá-la. Havia tropeça<strong>do</strong> e caí<strong>do</strong>,<br />

sempre voltan<strong>do</strong> a se levantar. Tinha perambula<strong>do</strong> sem rumo quan<strong>do</strong> já não podia vê-los voar,<br />

moven<strong>do</strong>-se às cegas, tentan<strong>do</strong> intuir a direção que tomaram.<br />

Nem se dava conta direito <strong>do</strong> que estava fazen<strong>do</strong>. Só sabia que àquela altura tu<strong>do</strong> estava<br />

acaba<strong>do</strong> para sempre. Amhal tinha mata<strong>do</strong> Neor, não havia retorno <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma atrocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssas. Se o capturassem, iriam matá-lo, e se tivesse consegui<strong>do</strong> fugir, nunca voltaria a ser o<br />

mesmo.<br />

Mas o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> salvá-lo não tinha morri<strong>do</strong> nela. Acreditava no jovem, com firmeza, com<br />

<strong>de</strong>sespero e aflição. Como se fosse a sua missão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre imprimida nela, a única razão<br />

pela qual havia acorda<strong>do</strong> num grama<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> e tinha agi<strong>do</strong> assim até aquele momento.<br />

Andara à toa, <strong>de</strong>sesperada, mudan<strong>do</strong> <strong>de</strong> caminho, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se, até sentir uma espécie <strong>de</strong> nó na<br />

garganta, uma sensação que a pregou no chão.<br />

Parou no meio da rua, como que <strong>do</strong>minada por uma força invisível que lhe bloqueava as<br />

pernas.<br />

Virou a cabeça <strong>de</strong>vagar. Era uma porta qualquer, com um símbolo esculpi<strong>do</strong> na arquitrave. A<br />

pedra estava enegrecida pelo fogo <strong>de</strong> um incêndio. A folha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira estava presa a um só<br />

gonzo, semicarbonizada.<br />

Foi como adquirir uma repentina consciência, como <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> um longo sono, um milagroso<br />

reconhecimento. As vivas lembranças <strong>do</strong>s seus sonhos alinharam-se com a realida<strong>de</strong>, e soube<br />

que vinha <strong>de</strong> lá, daquela porta queimada, daquela arquitrave enegrecida.<br />

Aproximou-se lentamente da entrada, atraída por uma força à qual não podia resistir.<br />

Lembrava, recordava! O teto <strong>de</strong> pedra, abaula<strong>do</strong>, os corre<strong>do</strong>res estreitos, o cheiro <strong>de</strong> mofo, <strong>de</strong><br />

ranço.<br />

Conheço este lugar.<br />

Movia-se em transe, como se <strong>de</strong> repente tivesse esqueci<strong>do</strong> o que realmente a levara até ali.<br />

Havia um chama<strong>do</strong> superior, agora, e ela estava respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong>.<br />

Em alguns trechos o teto tinha <strong>de</strong>smorona<strong>do</strong>. O cheiro <strong>de</strong> queima<strong>do</strong> ardia na garganta, fazia<br />

lacrimejar. As suas recordações, aquelas mesmas lembranças escondidas sabe-se lá on<strong>de</strong> durante<br />

cinco meses, reconstituíam o lugar <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>, mostravam-no como havia si<strong>do</strong> antes que por lá<br />

passasse o fogo, e ele.<br />

Ele quem?<br />

Disto ela não se lembrava.<br />

Um laboratório.<br />

Um labirinto <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> teto baixo.

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