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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Amhal calou-se, como se tivesse tira<strong>do</strong> um peso <strong>do</strong> coração. Dava para ver que não estava<br />

acostuma<strong>do</strong> a tratar diretamente com o soberano.<br />

– Olhe para mim.<br />

<strong>Adhara</strong> levantou a cabeça e fixou os olhos nos <strong>do</strong> rei. Por alguns momentos ficaram<br />

simplesmente se observan<strong>do</strong>, então Learco sorriu com um toque <strong>de</strong> ternura.<br />

– Há quem passe a vida inteira tentan<strong>do</strong> fugir das lembranças, e você, ao contrário, <strong>de</strong>seja ter<br />

pelo menos uma na qual se agarrar...<br />

– Uma vida sem lembranças é uma vida pela meta<strong>de</strong> – disse <strong>Adhara</strong>, engolin<strong>do</strong>. Era o que<br />

to<strong>do</strong>s lhe diziam. Um lugar cheio <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> e lástima, o Mun<strong>do</strong> Emerso...<br />

– Sabe, algum tempo atrás... bom, talvez fosse melhor dizer muito tempo atrás... – acrescentou<br />

o rei com um sorriso – eu mesmo tive <strong>de</strong> fazer uma escolha parecida. Havia, diante <strong>de</strong> mim, duas<br />

pessoas que precisavam <strong>de</strong> ajuda, e eu, ainda um jovem impru<strong>de</strong>nte, fiz uma loucura e as levei ao<br />

palácio comigo. Naquela época eu não passava <strong>de</strong> um príncipe assusta<strong>do</strong>. Uma <strong>de</strong>las, como eu,<br />

carregava nas costas um pesa<strong>do</strong> far<strong>do</strong> <strong>de</strong> memórias. Menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>pois disso, ela se tornou<br />

minha esposa.<br />

O monarca olhou para Mira e este retribuiu com um sorriso. Lembranças compartilhadas,<br />

experiências que talvez fossem conhecidas por to<strong>do</strong>s, mas não por ela.<br />

As pessoas falam uma linguagem que não enten<strong>do</strong>, que não posso enten<strong>de</strong>r, a linguagem da<br />

memória.<br />

– É com prazer que agora faço a mesma escolha – sentenciou o rei. – A minha corte é gran<strong>de</strong>, o<br />

palácio é uma máquina infernal que precisa <strong>de</strong> muita gente para funcionar. Você será bem-vinda.<br />

– Sorriu mais uma vez, então virou-se. – Acho que agora já po<strong>de</strong>mos ir...<br />

Mira ofereceu-lhe o braço e o levou até Dragona.<br />

– Pronto, conseguimos – ciciou Amhal no ouvi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>. – Dentro <strong>de</strong> um mês, no máximo,<br />

terá o seu encontro com o Ministro Oficiante, e, você vai ver, ela saberá como ajudá-la.<br />

Em seguida fez um sinal e encaminhou-se, com ela, na direção <strong>de</strong> Jamila.<br />

Dez dias <strong>de</strong>pois da partida, Makrat apareceu diante <strong>de</strong>les encoberta por nuvens ameaça<strong>do</strong>ras.<br />

Fazia um calor úmi<strong>do</strong> e pesa<strong>do</strong>, que prometia tempesta<strong>de</strong>, talvez um vendaval <strong>de</strong> verão capaz <strong>de</strong><br />

levar para longe o ar abafa<strong>do</strong>.<br />

<strong>Adhara</strong> ficou observan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>, atentamente, enquanto Amhal explicava que era a capital da<br />

Terra <strong>do</strong> Sol, uma cida<strong>de</strong> antiga, <strong>de</strong>moran<strong>do</strong>-se a <strong>de</strong>screver em <strong>de</strong>talhes o seu aspecto caótico, os<br />

prédios requinta<strong>do</strong>s e cheios <strong>de</strong> preciosos a<strong>do</strong>rnos. Ela, no entanto, só <strong>de</strong>ixou-se levar pelas<br />

sensações e pelo panorama que a cercava. E via uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fogo. A luz intensa, embora<br />

filtrada pelas nuvens, incendiava os telha<strong>do</strong>s baixos e achata<strong>do</strong>s, os <strong>do</strong>mos <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s, os<br />

contornos das estátuas. As casas amontoavam-se umas em cima das outras, as ruelas e as praças<br />

surgiam <strong>de</strong>siguais, confusas, tortas. Uma cida<strong>de</strong> viva e complexa, bem diferente <strong>de</strong> Nova<br />

Enawar. Ao longe, os contornos <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> palácio <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por amplos <strong>do</strong>mos re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s. O<br />

palácio real, na certa.<br />

Quan<strong>do</strong> já voavam baixo sobre a cida<strong>de</strong>, <strong>Adhara</strong> ficou ainda mais atenta, procuran<strong>do</strong> uma<br />

imagem daquele lugar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si.<br />

Tampouco é a minha casa.

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