Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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– Ouvi você agora há pouco, na taberna.<br />
– Estava espionan<strong>do</strong>?<br />
– Não, nada disso, só estava senta<strong>do</strong> ali perto, não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ouvir!<br />
Mayar achou que já havia se diverti<strong>do</strong> o bastante e que talvez aquele garoto realmente tivesse<br />
alguma informação proveitosa. Baixou a arma mas não a guar<strong>do</strong>u na bainha.<br />
– Seja rápi<strong>do</strong>.<br />
O rapaz massageou o pescoço, <strong>de</strong>pois parou um instante.<br />
– Acontece, porém, que para o sujeito na taberna você <strong>de</strong>u algum dinheiro...<br />
O homem sorriu com expressão feroz e voltou a levantar o punhal.<br />
– E você percebeu que ele não me disse lá gran<strong>de</strong> coisa. Vamos fazer o seguinte: você diz o<br />
que tem a dizer, e então a gente <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> se merece ou não alguma recompensa.<br />
– Ouvi que está procuran<strong>do</strong> um jovem cavaleiro que monta um dragão <strong>de</strong> asas pretas. Eu sei<br />
quem é, mas não se trata propriamente <strong>de</strong> um cavaleiro.<br />
Mayar sentiu uma leve tontura, sinal <strong>de</strong> que estava fican<strong>do</strong> perto da verda<strong>de</strong>.<br />
– Quem é?<br />
– É um antigo companheiro meu <strong>de</strong> curso na Aca<strong>de</strong>mia.<br />
– Você é um cavaleiro?<br />
O rapaz levou alguns segun<strong>do</strong>s antes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r:<br />
– Não, <strong>de</strong>sisti... Mas isto não vem ao caso. Ele estudava comigo e, pelo que sei, agora está<br />
sen<strong>do</strong> treina<strong>do</strong> por um cavaleiro.<br />
– Como é que ele se chama?<br />
– Quem?<br />
– O jovem, quem mais?<br />
– Amhal.<br />
Amhal. Um nome comum, banal, que ocultava sabe-se lá quais abismos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e corrupção.<br />
Amhal, o que se parecia com ele, o objeto da sua procura, Marvash. O coração lhe dizia que era<br />
ele, sentia isso nas entranhas, e foi toma<strong>do</strong> por uma estranha calma.<br />
– Não sei ao certo o que <strong>de</strong>ve estar fazen<strong>do</strong> agora, ou on<strong>de</strong> se encontra, mas por via <strong>de</strong> regra<br />
os cavaleiros e seus aprendizes ficam na Terra <strong>do</strong> Sol ou então aqui.<br />
– É um mestiço, não é verda<strong>de</strong>? Um mestiço com sangue <strong>de</strong> ninfa – disse Mayar, com um amplo<br />
sorriso feroz a iluminar-lhe o rosto.<br />
O rapaz não soube interpretar aquela careta.<br />
– Sim... isso mesmo... Na Aca<strong>de</strong>mia to<strong>do</strong>s faziam troça <strong>de</strong>le por causa disso.<br />
Mayar não conteve uma risada abafada e triunfante. O jovem, diante <strong>de</strong>le, encolhia-se cada vez<br />
mais. Deu-lhe uma palmada no ombro.<br />
– Espertinho, o menino.<br />
Procurou na mochila e sacou algumas moedas, que entregou em suas mãos.<br />
– Você nunca me viu, nunca nos encontramos.