19.04.2013 Views

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Pouco a pouco, a excitação com o regresso <strong>de</strong> San também esmoreceu. Cada um voltou aos<br />

próprios afazeres, e a vida retomou a rotina <strong>de</strong> sempre.<br />

O ritmo <strong>do</strong>s dias <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong> continuou intenso como <strong>de</strong> costume. A novida<strong>de</strong> era a frequência<br />

com que Amhal ia visitá-la à noite. Procurava arrumar algum tempo <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> jantar para<br />

passear com ela no jardim e ficar a par <strong>do</strong> que fizera. Eram momentos pelos quais <strong>Adhara</strong><br />

esperava com ansieda<strong>de</strong>.<br />

Apesar <strong>do</strong>s pesares, ela até que estava gostan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu papel <strong>de</strong> dama <strong>de</strong> companhia. Amina<br />

podia ser tirânica e birrenta, mas por trás <strong>do</strong> seu comportamento havia um fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> sofrimento<br />

com o qual ela se i<strong>de</strong>ntificava. Por isso se davam bem; ajudavam-se reciprocamente.<br />

E, além <strong>do</strong> mais, cuidar <strong>de</strong> Amina fazia com que se sentisse mais responsável. Seus horizontes<br />

se tinham amplia<strong>do</strong>: existia algo mais <strong>do</strong> que o seu eu incerto e sem passa<strong>do</strong>, agora, também<br />

havia outra pessoa que precisava <strong>de</strong>la e que nela se apoiava. E ajudar alguém, ser o seu porto<br />

seguro, também queria dizer ajudar a si mesma. Era justamente isso que, pouco a pouco, <strong>Adhara</strong><br />

<strong>de</strong>scobria. De forma que a angústia <strong>do</strong> seu passa<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong> paulatinamente se amenizava na<br />

suavida<strong>de</strong> da nova vida que ia construin<strong>do</strong>.<br />

Mas só se tornava consciente <strong>de</strong> todas essas sensações à noite, quan<strong>do</strong> podia falar com Amhal.<br />

Cabia a ele dar consistência aos seus <strong>de</strong>scobrimentos, ajudá-la – simplesmente ouvin<strong>do</strong> – a<br />

tornar claros os sentimentos e as i<strong>de</strong>ias.<br />

Quanto a ele, contava-lhe das missões e <strong>do</strong>s encontros com San. Ao que tu<strong>do</strong> indicava, o rapaz<br />

parecia realmente ter caí<strong>do</strong> no gosto <strong>do</strong> herói <strong>do</strong> momento.<br />

– Coor<strong>de</strong>na a segurança da cida<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong> sobra-lhe um tempinho e não lhe<br />

<strong>de</strong>sagrada passá-lo comigo.<br />

– E o que fazem? – perguntou <strong>Adhara</strong> certa noite, enquanto um vento fresco aliviava Makrat da<br />

prostração <strong>de</strong> um verão quente <strong>de</strong>mais.<br />

– Treinamos. Esgrimimos. É um espadachim realmente formidável, usa técnicas que eu não<br />

conhecia. Apren<strong>do</strong> muito com ele. E também me aconselha alguma boa leitura... É um homem<br />

fora <strong>do</strong> comum.<br />

Pois é, <strong>Adhara</strong> também estava convencida disso, sentia no fun<strong>do</strong> da alma. Em seguida,<br />

mudan<strong>do</strong> <strong>de</strong> assunto, mencionou as suas pesquisas nos livros, todas sem sucesso.<br />

– Talvez o Ministro Oficiante também saiba alguma coisa a respeito <strong>do</strong>s misteriosos Vigias –<br />

disse Amhal. – Anda muito atarefada, é por isso que não consegue marcar um encontro. Afinal, é<br />

a mais alta autorida<strong>de</strong> religiosa <strong>de</strong>ste país.<br />

Continuaram a conversar, amenida<strong>de</strong>s tão prazerosas que <strong>de</strong>sciam suaves <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s até o<br />

coração. A lua percorreu seu arco no céu, até chegar a hora <strong>de</strong> se <strong>de</strong>spedir.<br />

Amhal esticou-se para beijá-la na testa, como costumava fazer.<br />

<strong>Adhara</strong> aproximou-se, mas naquela noite alguma coisa abrasava seu coração. Agiu<br />

impulsivamente, quase sem pensar. Levantou-se um pouco, na ponta <strong>do</strong>s pés. Talvez nem mesmo<br />

soubesse o que estava fazen<strong>do</strong>, mas havia nela um instinto que a guiava naquela direção, como se<br />

o caminho já estivesse marca<strong>do</strong> e fosse impossível não percorrê-lo.<br />

Os lábios <strong>de</strong> Amhal ofereceram-se macios e só ficaram inertes sob os seus por uns poucos<br />

segun<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> pasmo. Coube a ele entreabri-los e beijá-la <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. <strong>Adhara</strong> não pensou em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!