19.04.2013 Views

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

morte. Mas <strong>de</strong>cidiu falar por ele. Foi sucinta, essencial, procuran<strong>do</strong> sufocar as emoções. Amhal<br />

não teve reação alguma. Só uma ruga profunda na testa, entre as sobrancelhas, <strong>de</strong>nunciava a sua<br />

aflição, a mesma agonia que apertava a garganta <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>. Ele também estava prestes a ver a<br />

própria vida <strong>de</strong>smoronar. Tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pendia daquela porta fechada.<br />

Ela se abriu no começo da tar<strong>de</strong>. Um rangi<strong>do</strong> lento, que sabia a rendição. Theana apareceu,<br />

pálida, esgotada. To<strong>do</strong>s se juntaram à volta <strong>de</strong>la, começan<strong>do</strong> por Amhal, em cujos olhos ainda<br />

havia um lampejo <strong>de</strong> esperança.<br />

– O veneno acabou vencen<strong>do</strong>, alguns minutos atrás. Nunca recobrou os senti<strong>do</strong>s. Eu fiz o<br />

possível.<br />

Alguns gemi<strong>do</strong>s, suspiros e um baque sur<strong>do</strong> que ecoou no corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> teto abaula<strong>do</strong> on<strong>de</strong> se<br />

encontravam.<br />

Amhal <strong>de</strong>ra um soco na porta. E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>u outro, e mais outro, enquanto apertava os olhos<br />

com força. Lascas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira fincaram-se em sua carne, mas o martelar obsessivo, aterra<strong>do</strong>r,<br />

não parou.<br />

– Amhal! – gritou <strong>Adhara</strong>, tentan<strong>do</strong> segurar a mão que sangrava.<br />

Ele evitou o contato e berrou aos céus o seu “Por quê?”, <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>, furioso. Então fechou-se<br />

na sala on<strong>de</strong> o mestre tinha morri<strong>do</strong>.<br />

O agra<strong>de</strong>cimento senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Neor:<br />

– Não fosse por você, agora a minha filha estaria morta. Não faz i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> como lhe sou<br />

reconheci<strong>do</strong>.<br />

Os olhos inquietos <strong>de</strong> Theana, a maneira calorosa, febril, com que segurou suas mãos, como se<br />

entre elas houvesse algum tipo <strong>de</strong> comunhão.<br />

O olhar cheio <strong>de</strong> gratidão <strong>do</strong> rei e da rainha.<br />

– Estamos lhe <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> a vida da nossa neta.<br />

E <strong>de</strong>pois a investigação, os interrogatórios.<br />

Os dias que se seguiram foram um aflitivo amontoa<strong>do</strong> <strong>de</strong> encontros e perguntas sem resposta.<br />

Uma atmosfera sombria e oprimente tomou conta <strong>do</strong> palácio; havia solda<strong>do</strong>s por toda parte,<br />

assim como guardas que, pelo que se contava, pertenciam a um grupo especial às or<strong>de</strong>ns da<br />

rainha.<br />

A teoria mais acreditada na corte, cochichada tanto pelos dignitários quanto pelos serviçais,<br />

dizia que se tratara <strong>de</strong> uma tentativa para matar a princesa. Só podia ser isso. Mira era<br />

certamente uma figura importante na Aca<strong>de</strong>mia, mas já fazia um bom tempo que sua única tarefa<br />

era a proteção da família real. Mas quem fizera aquilo e por quê? E iriam tentar <strong>de</strong> novo? Amina<br />

já não podia mexer-se sem a proteção <strong>de</strong> uma escolta. A unida<strong>de</strong> que se encarregava da<br />

segurança <strong>do</strong> palácio fora reforçada, e a corte era vigiada durante o dia inteiro. Em Makrat, os<br />

boatos acerca da <strong>do</strong>ença se confundiam com os da tentativa <strong>de</strong> homicídio da princesa. Na boca<br />

<strong>do</strong> povo, a opinião <strong>de</strong> um só cérebro ser o responsável, fosse pela peste, fosse pelo complô, teve<br />

o maior sucesso. Uns falavam em ninfas, outros em gnomos, e a confusão que já reinava nas ruas<br />

da cida<strong>de</strong> tornou-se uma verda<strong>de</strong>ira balbúrdia. Tentativas <strong>de</strong> linchamento, assassinatos, uma<br />

atmosfera <strong>de</strong> extrema <strong>de</strong>sconfiança por to<strong>do</strong> e qualquer estrangeiro, até mesmo por aqueles que<br />

só tinham o aspecto <strong>de</strong> forasteiros. Makrat parecia estar à beira <strong>de</strong> uma catástrofe. O palácio era

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!