Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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<strong>Adhara</strong> soltou levemente a presa.<br />
– Não estou dizen<strong>do</strong> isso... – Mas então percebeu que não <strong>de</strong>via ce<strong>de</strong>r. Estava certa e algumas<br />
coisas <strong>de</strong>viam ficar claras <strong>de</strong> uma vez por todas. – Só quero dizer que não gosto <strong>de</strong> ser usada<br />
para encobrir os seus erros. Se tivermos <strong>de</strong> ser amigas, então precisa me respeitar.<br />
Amina baixou os olhos, e <strong>Adhara</strong> teve a impressão <strong>de</strong> que estava a ponto <strong>de</strong> chorar. Mas<br />
quan<strong>do</strong> levantou <strong>de</strong> novo a cabeça tinha a expressão altiva e <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosa <strong>de</strong> sempre.<br />
– Se você não tivesse feito to<strong>do</strong> aquele barulho, não teríamos si<strong>do</strong> encontradas.<br />
Conseguiu <strong>de</strong>svencilhar-se e afastou-se rapidamente pelo corre<strong>do</strong>r, baten<strong>do</strong> com força os pés<br />
no chão.<br />
Naquela noite, Amhal não apareceu. <strong>Adhara</strong> esperou inutilmente por ele na varanda que dava<br />
para o jardim externo. Ficou sozinha, a cabeça apoiada na palma da mão, observan<strong>do</strong> o sol que<br />
se punha sobre a cida<strong>de</strong> e o <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> <strong>do</strong>s telha<strong>do</strong>s que se tingia preguiçosamente <strong>de</strong> vermelho e<br />
<strong>de</strong> roxo. Só foi embora quan<strong>do</strong> já estava escuro, <strong>de</strong>cepcionada. Per<strong>de</strong>u-se no caminho umas duas<br />
ou três vezes antes <strong>de</strong> voltar ao seu alojamento. Havia um estranho silêncio no palácio. Tinha<br />
espera<strong>do</strong> que Neor a mandasse chamar, quem sabe para tirá-la das garras da princesa dizen<strong>do</strong>lhe<br />
alto e bom som que fizera um péssimo trabalho. Talvez ela até gostasse, pois po<strong>de</strong>ria voltar<br />
para junto <strong>de</strong> Amhal e encontrar um jeito <strong>de</strong> ficar com ele, apesar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, longe daquele paço<br />
oprimente. Novamente sozinhos, ela e Amhal, como nos primeiros tempos. Amor, era como o<br />
príncipe Neor o chamara. O sentimento que unia ele e a mulher, e Dubhe e Learco, que os<br />
mantivera juntos por to<strong>do</strong>s aqueles anos.<br />
<strong>Adhara</strong> não o conhecia, não podia enten<strong>de</strong>r seu significa<strong>do</strong>, mas, se era uma coisa que os unia<br />
tão estreitamente, então ficava feliz por sentir amor por Amhal. Porque, apesar <strong>do</strong>s propósitos da<br />
noite anterior, ainda precisava <strong>de</strong>le.<br />
O sol penetrava aos borbotões na sala. Mais um lin<strong>do</strong> dia <strong>de</strong> verão. Mas os rostos em volta da<br />
mesa estavam tensos: Learco, Neor, Dubhe e Theana, que chegara apressadamente <strong>do</strong> templo,<br />
ainda vestin<strong>do</strong> os paramentos que usava para oficiar.<br />
Ela mesma havia pedi<strong>do</strong> aquele encontro. Tinha pensa<strong>do</strong>, primeiro, em chamar a rainha ao<br />
templo, mas Dubhe pedira que fosse ao palácio, e então convocara os <strong>de</strong>mais.<br />
– Está na hora <strong>de</strong> analisarmos juntos a questão – tinha dito, e Neor não encontrara outra<br />
solução a não ser concordar.<br />
O príncipe tinha fica<strong>do</strong> um bom tempo esperan<strong>do</strong> que a história da <strong>do</strong>ença se resolvesse<br />
sozinha. Que se <strong>de</strong>scobrisse que não passava, afinal <strong>de</strong> contas, da conhecida febre vermelha ou<br />
que só estivessem diante <strong>de</strong> uns poucos casos isola<strong>do</strong>s. Esperanças vãs. E além <strong>do</strong> mais, além da<br />
lógica, o próprio instinto o <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> sobreaviso. Nuvens negras no horizonte anunciavam<br />
tempesta<strong>de</strong>.<br />
– Então? – disse Learco, com ar cansa<strong>do</strong>. Os anos não haviam si<strong>do</strong> bon<strong>do</strong>sos com ele, e nos<br />
últimos tempos ficava frequentemente esgota<strong>do</strong>. Neor substituía-o em quase todas as <strong>de</strong>cisões,<br />
<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-lhe somente o encargo das obrigações públicas.<br />
Theana apoiou os antebraços na mesa.<br />
– As notícias não são boas – começou. – O irmão que man<strong>de</strong>i à Terra da Água enviou um<br />
relatório em que se diz muito preocupa<strong>do</strong>. Ele e uma das espiãs da rainha encontraram o corpo