Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
– O que está fazen<strong>do</strong>?<br />
O rapaz virou-se na mesma hora, espanta<strong>do</strong>. Fitou-a por alguns segun<strong>do</strong>s e, <strong>de</strong>pois, continuou a<br />
preparar a bagagem, sem respon<strong>de</strong>r.<br />
<strong>Adhara</strong> segurou-o pelo braço, <strong>de</strong>ten<strong>do</strong>-o.<br />
– Quer fazer o favor <strong>de</strong> explicar o que está fazen<strong>do</strong>?<br />
O olhar <strong>de</strong>le era duro, hostil.<br />
– É melhor que você não saiba.<br />
– Se pensa em ir embora, irei com você.<br />
– Não po<strong>de</strong> ir para on<strong>de</strong> estou in<strong>do</strong>.<br />
Desvencilhou-se, botou a mochila a tiracolo, mas <strong>Adhara</strong> plantou-se diante <strong>de</strong>le.<br />
– Está na hora <strong>de</strong> você esquecer este lugar – disse, procuran<strong>do</strong> refrear o tremor na voz. – E<br />
também <strong>de</strong> esquecer aquele homem, <strong>de</strong> voltar a fazer o que fazia antes. – Apoiou as mãos no seu<br />
peito, súplice. – Foi uma fase, uma fase terrível e infeliz, mas acabou. A justiça <strong>de</strong>cidirá o que<br />
fazer com San, e você voltará a ser livre.<br />
Amhal fitou-a sem pieda<strong>de</strong>, sem qualquer resquício <strong>de</strong> compreensão nos olhos.<br />
– Você não sabe <strong>do</strong> que está falan<strong>do</strong>.<br />
– Quem não está enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> é você – insistiu ela. – Diga que acabou... – Apoiou a testa no<br />
peito <strong>do</strong> rapaz, buscan<strong>do</strong> aquele calor que tantas vezes encontrara no passa<strong>do</strong>.<br />
– Vou para Nova Enawar – disse ele, lapidário, inerte ao contato daquela fronte.<br />
<strong>Adhara</strong> levantou a cabeça, <strong>de</strong> chofre.<br />
– Vai por causa <strong>de</strong>le?<br />
Amhal não respon<strong>de</strong>u, mas o seu olhar valia mais que mil palavras.<br />
<strong>Adhara</strong> sentiu as lágrimas surgin<strong>do</strong> aos olhos, sufocan<strong>do</strong> a voz na sua garganta. Reprimiu-as.<br />
– Deixe que a justiça da Terra <strong>do</strong> Sol se encarregue <strong>do</strong> assunto. Se for inocente, saberão disto<br />
e o soltarão. E você conhecerá a verda<strong>de</strong>.<br />
– Ouviu o que ele disse.<br />
– Mas será que não vê o que fez com você, Amhal? Ele o quer, e para tê-lo não se importa em<br />
<strong>de</strong>struí-lo! Des<strong>de</strong> que o conhece, as coisas foram <strong>de</strong> mal a pior, você per<strong>de</strong>u tu<strong>do</strong> o que<br />
conseguira, tornou-se outra pessoa. Como po<strong>de</strong> acreditar nas suas mentiras?<br />
Afastou-a bruscamente.<br />
– É o meu mestre agora! A pessoa em quem <strong>de</strong>cidi confiar. E sabe por que confio? Porque é<br />
como eu! Eu sonhava com ele! Sonhava todas as noites antes que chegasse. Ele me chamava, me<br />
convidava a ir com ele. É o único capaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r-me, porque somos iguais, porque guardamos<br />
em nós os mesmos <strong>de</strong>mônios e partilhamos o mesmo <strong><strong>de</strong>stino</strong>. Ele só po<strong>de</strong> ser inocente!<br />
As lágrimas abriram caminho.<br />
– Ele o matou – soluçou <strong>Adhara</strong>. – Quem o matou foi ele.<br />
Amhal segurou-a pelos ombros e a sacudiu.<br />
– Não diga isso, nem <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira!