Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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Naquela tar<strong>de</strong> procuraram um quarto para <strong>Adhara</strong> numa hospedaria. Mira e Amhal tinham seus<br />
alojamentos no Palácio <strong>do</strong> Exército, mas não era permiti<strong>do</strong> que estranhos usassem aquelas<br />
acomodações. Diante disso, Amhal <strong>de</strong>cidiu também ficar com um quarto na hospedaria.<br />
– Não quero que fique sozinha – disse ao mestre.<br />
Mira sorriu.<br />
– Quer mesmo portar-se como um verda<strong>de</strong>iro cavalheiro, não é?<br />
Amhal não po<strong>de</strong>ria ter fica<strong>do</strong> mais ruboriza<strong>do</strong>.<br />
Encaminharam-se to<strong>do</strong>s juntos para o albergue, percorren<strong>do</strong> as <strong>de</strong>sertas ruas noturnas <strong>de</strong> Nova<br />
Enawar. Conversaram coisas sem importância, mas na hora <strong>de</strong> se <strong>de</strong>spedirem Mira teve uma<br />
atitu<strong>de</strong> inesperada.<br />
– Po<strong>de</strong> subir – disse a <strong>Adhara</strong>. – Eu e Amhal vamos ficar mais um pouco falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />
Ela olhou para os <strong>do</strong>is, um tanto perplexa, mas estava com sono e <strong>de</strong>cidiu ir para o quarto, sem<br />
mais <strong>de</strong>longas.<br />
– Não vou <strong>de</strong>morar – tranquilizou-a Amhal, e acompanhou com o olhar a jovem que subia as<br />
escadas sozinha e in<strong>de</strong>fesa.<br />
– Vamos lá fora – disse Mira.<br />
O rapaz não fazia i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> qual po<strong>de</strong>ria ser a razão daquela inesperada conversa, mas ficou<br />
contente com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanecer mais alguns minutos com o mestre. Gostava <strong>de</strong><br />
comentar com ele os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma missão, <strong>de</strong> perceber nos olhos <strong>do</strong> mentor um vislumbre<br />
<strong>de</strong> aprovação.<br />
– Gosta <strong>de</strong>la? – foi logo dizen<strong>do</strong> Mira, <strong>de</strong>pois que saíram da hospedaria e se sentaram à beira<br />
<strong>de</strong> um pequeno chafariz.<br />
– Mestre! – protestou Amhal.<br />
O homem <strong>de</strong>u uma gargalhada.<br />
– Você é jovem, Amhal, e as moças <strong>de</strong>vem fazer parte da sua vida! Deixe <strong>de</strong> ser tão sisu<strong>do</strong>,<br />
você precisa mesmo é <strong>de</strong> uma garota simpática e graciosa.<br />
Amhal ficou cabisbaixo, olhan<strong>do</strong> para a ponta das próprias botas. As mulheres não tinham<br />
lugar na sua vida. A sua existência era complicada <strong>de</strong>mais, envolvida em dilemas bem mais<br />
profun<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>lorosos que os meros problemas <strong>do</strong> coração.<br />
– Precisava <strong>de</strong> mim e eu a aju<strong>de</strong>i. É o que se espera <strong>de</strong> um cavalheiro. Só isso – sentenciou.<br />
Mira sorriu, paternal.<br />
– Não é bom que leve a vida sempre tão a sério, meu rapaz. Ela precisa <strong>de</strong> alguma leveza, <strong>de</strong><br />
alguma diversão, para realmente merecer ser vivida. Afinal, gosta ou não gosta <strong>de</strong>la?<br />
De repente, Amhal viu diante <strong>de</strong> si a imagem <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong> assim como lhe aparecera no merca<strong>do</strong>,<br />
quan<strong>do</strong> haviam i<strong>do</strong> comprar roupas novas. Os seios pequenos, mas firmes e empina<strong>do</strong>s,<br />
aperta<strong>do</strong>s no corpete, os quadris enfaixa<strong>do</strong>s pela camurça da calça justa. Engoliu.<br />
– Po<strong>de</strong> ser... mas o problema não é este!<br />
Mira riu <strong>de</strong> novo, e o rapaz saboreou aquele sorriso como um fresco bálsamo que lhe aliviava<br />
o coração. Sentira falta <strong>do</strong> mestre, naqueles dias <strong>de</strong> romaria solitária.