Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Pegou um quarto numa hospedaria e conseguiu entrar na cida<strong>de</strong> graças ao seu uniforme <strong>de</strong><br />
solda<strong>do</strong>. A quarentena também chegara a Nova Enawar.<br />
O afã <strong>de</strong> agir o consumia, mas achara por bem não se apressar <strong>de</strong>mais. Apesar <strong>de</strong> o seu plano<br />
não ser nem um pouco racional, precisava mesmo assim <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> planejamento para não<br />
acabar morren<strong>do</strong> em vão.<br />
Só tinha visita<strong>do</strong> as masmorras <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong> Exército umas poucas vezes e não se lembrava<br />
direito da sua planimetria. Mas era justamente disto que ele precisava, <strong>de</strong> conhecer a posição<br />
exata <strong>de</strong> cada cela e <strong>do</strong>s guardas ao longo <strong>do</strong> percurso. Porque afinal, mesmo confian<strong>do</strong> em suas<br />
habilida<strong>de</strong>s, continuava ainda assim a ser um só homem.<br />
Frequentou a corja da socieda<strong>de</strong>, assim como já fizera antes, na época <strong>do</strong> a<strong>de</strong>stramento com<br />
Mira. Descobriu que o coração da capital <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Emerso era tão podre quanto o <strong>de</strong> qualquer<br />
outra gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>. Arranjou uma porção <strong>de</strong> mapas e plantas, e to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> que<br />
precisava.<br />
– O fim <strong>do</strong>s tempos está próximo, é melhor a gente se divertir enquanto ainda po<strong>de</strong> – disse um<br />
<strong>do</strong>s informantes, enquanto gastava com cerveja a quantia recebida para revelar on<strong>de</strong> ficavam os<br />
postos <strong>de</strong> guarda nos subterrâneos.<br />
Amhal estu<strong>do</strong>u as plantas, repassou o plano por um dia inteiro antes <strong>de</strong> tentar a investida. Um<br />
carcereiro em cada andar da masmorra. Ficava clara a falta <strong>de</strong> homens, <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s por toda<br />
parte na tentativa <strong>de</strong> limitar os estragos da peste. Na entrada <strong>de</strong> cada andar, no entanto, havia uma<br />
guarita com <strong>do</strong>is homens. Pelo que lhe contaram, San estava na cela no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> andar.<br />
– É uma vergonha que um homem como ele tenha <strong>de</strong> apodrecer numa prisão. Ouça bem o que<br />
estou lhe dizen<strong>do</strong>, Neor <strong>de</strong>ve estar traman<strong>do</strong> alguma coisa – dissera-lhe o informante.<br />
Amhal encontrou consolo naquelas palavras. As pessoas ainda apoiavam San.<br />
Esperou no escuro e em silêncio até a hora escolhida para agir. Concentrou-se na sua fúria, no<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> sangue. Se algo saísse erra<strong>do</strong>, era só nisto que ele po<strong>de</strong>ria confiar. Em seguida, foi<br />
toma<strong>do</strong> por gélida calma.<br />
Percorreu tranquilamente as ruas <strong>de</strong> Nova Enawar, entrou sem maiores problemas no Palácio<br />
<strong>do</strong> Exército. No posto <strong>de</strong> guarda havia um sujeito que não o conhecia, mas que reconheceu o<br />
uniforme.<br />
– Aprendiz Salimar – disse apresentan<strong>do</strong>-se, e o <strong>de</strong>ixaram entrar.<br />
Havia poucos homens circulan<strong>do</strong>. Não encontrou ninguém em seu caminho, enquanto <strong>de</strong>scia<br />
para a masmorra. Tomou posição. E finalmente viu-o chegan<strong>do</strong>. Um só guarda, que<br />
provavelmente acabara <strong>de</strong> ser rendi<strong>do</strong>. Bocejava, enquanto com passo cansa<strong>do</strong> voltava aos<br />
andares superiores <strong>do</strong> palácio.<br />
Amhal segurou o laço <strong>de</strong> couro trança<strong>do</strong> que tinha compra<strong>do</strong> naquela mesma manhã. Ficou um<br />
momento olhan<strong>do</strong> para ele, horroriza<strong>do</strong>, perguntan<strong>do</strong> a si mesmo se seria realmente capaz <strong>de</strong> usálo.<br />
Mas o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> matar iria guiá-lo.<br />
Respirava fun<strong>do</strong>, enquanto esperava que o solda<strong>do</strong> passasse por ele. Nunca tinha tira<strong>do</strong> a vida<br />
<strong>de</strong> alguém daquele jeito.<br />
Ouviu os passos <strong>do</strong> homem que não conhecia. Imaginou a sua vida, a sua casa mo<strong>de</strong>sta, os<br />
familiares. Deu o bote quan<strong>do</strong> o outro já estava perto, puxou-o para a sombra e apertou o laço em