o seu tempo - DSpace CEU

Veuillez bien agréer, nionsieur, l'hommage de mes devoirs les
plus empressés.=Ardoin.»
Dia 12. —Veiu Mendizabal e disse ter comprado os navios Asia
de 60, e Congresso de 50, por 21:000 libras. Que Ricardo convicra
com Ardoin em nos dar já 25:000 libras, e 30:000 quando desembar-
cassemos; que nos davam os meios para a expedicáo (100:000 libras)
á proporcáo que fossem sendo necessarios; porém que, se ella se mallo-
grasse, esta somma se capitalisaría, e o seu juro seria pago pelo ron 1
dimento dos Acores, tirando-se primeiro o necessario para a guarniçao
que os sustentasse. Que tomaríamos os bonds de Maberly, e com elle
se arranjaria o negocio talvez com perda de 6:000 libras. Convim eu,
Lima e Miranda, c que se fallasse aos homens, para se assignarem as
bases do contrato. Nesse dia, Lima mostrou cartas de París, do Baráo,
dizendo que se tratará lá de um emprestimo de 40.000:000 de fran­
cos, para o qual Casimir Périer entrava com 500:000 francos; e que
havia probabilidade de se arranjar. Contestamos esta idea, porque nao
estavamos em circumstancias de nos demorarmos um dia, e porque
nos parecía impossivcl que em París se levantasse similhante somma.
Conveiu comnosco e mostrou-me a carta de D. Francisco de Almeida,
em que lhe dizia que tivera ordem para convocar lá um conselho com­
posto de Candido José Xavier, Filippe Ferreira, Agostinho José Freiré,
Silvestre Pinheiro e o conde de Villa Real. Com este nunca me unirei.
Dia 13.—Veiu Mendizabal ter commigo de manhá para eu fazer
com que Lima lhe escrevesse hoje, rogando-lhe que ultimasse o em­
prestimo, porque talvez que ámanhá houvesse maiores difficuldades ;
assim se fez.
Nesse mesmo dia soube que Lafayette era um dos promotores do
emprestimo em París.
Lima fallou com lord Palmerston, que lhe disse que era neces­
sario fazer já, já, esforços para ir a Portugal; que era melhor mandar
dizer aos nossos amigos que estivessem socegados emquanto nao che-
gasse a nossa esquadra, para entao a poderem ajudar com proveito *.
Veiu Mendizabal ter commigo e Miranda; achou só Miranda a
quem deixou dito que o emprestimo estava feito e que tinhaní tirado
meio por cento dos 6 de commissáo.
1
Dois mezes antes o almirante francez Roussin aprisionara no Tejo dez
navios da esquadra de D. Miguel, sob pretexto de vingar os insultos feitos aos
subditos francezes residentes em Portugal. Ve-se pois que o governo de Franca
bem como o de Inglaterra favoreciam a causa liberal, tanto quanto o podiam fazer
sem violar escandalosamente o principio da «nao intervençao». (Félix Pereira de
Magalhaes, Apontamentos para a historia diplomática de Portugal, pag. 81 e segs.).