o seu tempo - DSpace CEU

acrescentar que lord Grey nao nos tirou ainda toda a esperança de
annuir ao nosso pedido, antes do fim d'este mez, epocha da crise
pecuniaria.
Quando estavamos na maior desanimaçao pelo receio das conse-
quencias fataes que a falta total de dinheiro produziria nessa cidade,
veiu alentar-nos algum tanto a opportuna chegada de urna carta do
amigo, para o sr. Abreu e Lima, recebida hontem por este ministro,
e acerca da qual nos referimos ao que elle circumstanciadamente
informa a v. ex. a
; e lisongeiamo-nos de que o aviso que Francisco Van
Zeller hoje expede aos seus correspondentes, no Porto, facilitará muito
ao Governo o negociar lettras nessa cidade por dinheiro á vista.
A magnitude dos interesses que S. M. I. Foi Servido confiar-nos,
pelos plenos poderes que nos conferiu, pesa de tal maneira sobre nossa
responsabilidade, que nos julgámos obrigados a fazer desde já a se-
guinte declaracáo para que seja presente a S. M. I. e ao Seu Conselho.
A intervencáo projectada, da Inglaterra e da Hespanha, para por
termo á guerra civil que assola Portugal, nao deverá provavelmente
levar-se a effeito senáo no corrente ou ató ao fim de fevereiro. Se
nessa epocha a nossa posicáo militar tiver melhorado, bastando para
isso o desaffrontar-se a cidade do Porto, ou pelo menos a margem do
sul do Douro, da presença do inimigo, temos todo o motivo de nos
lisonjear que nao só a causa da Rainha será fortemente sustentada
pelo Governo Britannico, mas que tambem a causa constitucional nao
receberá as leis do partido contrario.
Escusado é dizer que se acontecesse, o que Deus nao permitía, o
contrario da primeira hypothese, e experimentassemos algum revez
faíal, pouco mais poderiamos esperar do que urna intervencáo a favor
de individuos, similhante á que o duque de Wellingíon havia pro-
jecíado.
No caso, porém, de se nao verificar nem urna nem ouíra supposi-
cáo, e de permanecerem os exerciíos in statu quo e a Nacáo Portu­
gueza táo sopiía como até agora tem estado, parece-nos que assim
mesmo o Governo Inglez continuará a fazer diligencias sinceras a favor
dos interesses da Rainha; mas julgámos, e sobre isío é que mais espe-
cialmeníe chamamos a attencáo de v. ex. a
, que será inevitavel o sacri­
ficio quasi completo das instituiçoes, se a Hespanha, continuando no
sysíema que ainda agora segué, assim o exigir.
Neste ullinio caso bem pode v. ex. a
pensar que, fiéis ás nossas
instrucçoes, jamáis nos prestaremos a assignar cousa alguma a que
ellas nos nao auctorisem, e só lomaremos ad referendum as proposi-
çoes que nos forem feitas. Cumpre-nos, porém, prevenir o Conselho de
S. M. I. do perigo que antecipámos para que em nenhum caso possa