11.05.2013 Views

o seu tempo - DSpace CEU

o seu tempo - DSpace CEU

o seu tempo - DSpace CEU

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

do paiz, visto que nada teem a perder, e porque sabem que o que for<br />

extorqiúdo aos <strong>seu</strong>s iniseraveis habitantes o será em <strong>seu</strong> proveito e<br />

vantagem. Outra medida similhante, a que D. Miguel recorreu imme­<br />

diatamente depois da sua chegada a Portugal, foi desarmar a naçao,<br />

impondo as mais pesadas penalidades a todas as pessoas que conser-<br />

vassem qualquer arma, de qualquer natureza que fosse. Este expediente<br />

foi adoptado por elle emquanto era regente, pretendendo auctorisar-se<br />

com aquella propria constituiçao, que tinha jurado observar, a fim de<br />

a destruir mais fácilmente. Sao, pois, taes as falsas bases da fidelidade<br />

do exercito e da submissao da naçao portugueza. Apesar de todas as<br />

precauçoes que adoptou, D. Miguel confia tanto na fidelidade das tro­<br />

pas, que ató recorreu ao ridiculo estratagema de dividir os regimentos<br />

de linha, collocando cada batalhao d'estes com dois ou tres corpos de<br />

milieias ou de batalhoes de realistas, a fim de impedir a sua deserçao<br />

e obrigal-os a combater pela sua causa, sendo estes últimos corpos os<br />

únicos que gosam da sua confiança.<br />

Nao obstante estas precauçoes e a mais constante vigilancia, a<br />

deserçao das tropas de linha foi e continúa a ser consideravel: — prova<br />

incontestavel de que entre os soldados do exercito regular ha muito<br />

descontentamento para com D. Miguel, assim como sentimento de<br />

sympathia a favor do soberano legitimo, e de que apenas necessitam<br />

de urna favoravel opportunidade e de um chefe da sua confiança para<br />

a patentearem desafogadamente.<br />

Em vao os satellites de D. Miguel empregam todas as astucias á<br />

sua disposiçao, em váo os <strong>seu</strong>s assalariados panegyristas proclamara ao<br />

resto da Europa que os portuguezes amara e admirara o inconsiderado<br />

tyranno que os opprime. Se os portuguezes se nao levantam para<br />

resistir ao despotismo sem exemplo, sob o qual gemem, é porque o<br />

nao podem fazer sem um chefe que dirija os <strong>seu</strong>s movimentos; e todo<br />

o homem de distincçao, em quem poderiam confiar, ou está desfalle-<br />

cendo na prisao, ou desterrado do paiz. Essencialmente fiéis a <strong>seu</strong>s<br />

soberanos e superiores, os portuguezes nao téem idea de se opporem á<br />

vontade d'aquelles que os opprimem, por mais desarrazoadas e extra­<br />

vagantes que sejam as suas ordens; mas nem por isso sao menos sen-<br />

siveis á sua injustiça.<br />

Alem d'isto qualquer resistencia ao governo, que agora os oppri­<br />

me, sem auxilio estrangeiro é impossivel, coactos como estao por urna<br />

policía atroz e sanguinaria, que penetra ñas mais discretas e recatadas<br />

familias, aterrorizando-as com a sua crueldade, e subjugando o <strong>seu</strong><br />

espirito pelas mais exorbitantes exacçoes.<br />

Os portuguezes nao amara nem podem amar D. Miguel; certamente<br />

que nem Marat, Robespierre, ou qualquer dos monstros que figuraram

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!