o seu tempo - DSpace CEU

O CERCO DO PORTO
(1832-1833)
O PARTIDO DE D. MIGUEL
A 27 de junho de 1832 saíu de S. Miguel a expedicáo dos portuguezes que
tinham decidido implantar no seu paiz as modernas leis racionaes do direito
publico e civil, á custa da propria vida. Traziam por chefe D. Pedro, duque de
Bragança, regente de Portugal e protector de sua filha, a rainha D. Maria II.
Este principe, depois que assumiu a regencia portou-se com tal valor e tanta
lealdade, que conseguiu penitenciar-se dos graves erros do seu passado.
A 8 de julho eft'ectuouse o desembarque na praia de Mindello, e a 9 entrou a
expedicáo na cidade do Porto.
Em breve D. Pedro se convenceu de que a nacáo, coacta pelo terror, esperaría
immovel o resultado do combate entre os seus poucos soldados e o grande exer­
cito de D. Miguel. A desigualdade era enorme; mas a força moral da grande
missáo que o partido da liainha tinha a desempenhar galvanisou-o e deu-lhe por
fim a victoria: um anno depois os soldados do duque da Terceira entravam em
Lisboa sem disparar um único tiro.
O exercito absolutista era numeroso, mas combatía desalentado em defeza
de um régimen gasto; emquanto que o Portugal novo, definido por Mousinho da
Silveira, era um producto vigoroso e um termo natural da evoluçao do estado
portugucz, era a resultante necessaria de irresistiveis determinantes históricos.
Por isso venceu e vigorou.
0 ESTADO DO PAIZ. 0 REÍ ABSOLUTO. A ARISTOCRACIA. 0 CLERO
DOC. XCIX
Reflexoes sobre o verdadeiro estado de Portugal e as vistas da facçao
que agora o governa, com respeito á Inglaterra e á Hespanha
D. Miguel foi animado e sustentado na sua usurpaçao pela influen­
cia e actividade de um partido que com o auxilio do clero obteve
absoluto dominio sobre o espirito do exercito.
E puramente um partido clerical e militar.
1
Deprehende-se da sua leitura que foi escripta no começo do anno de 1833.