o seu tempo - DSpace CEU

negocios de Austria, barao de Hugel, e o ministro da Prussia, ambas
sobre a nossa esquadra tomada pelo almirante Roussin; hoje passo a
informar v. ex. a
, em detalhe, de tudo que sobre este assumpto tenho
tratado.
Principiei por dizer ao ministro dos negocios estrangeiros que na
discussáo da cámara dos deputados, relativa á esquadra, a opiniáo
emittida pelos ministros francezes seria de certo mui agradavel em
Portugal; o governo portuguez havendo sempre tido a mesma opiniáo,
agora declarada »por elles, de nao ter existido guerra entre Portugal e
a Franca, em consequencia do que, a captura da esquadra portugueza
havia sido feita contra todo o direito das gentes e era olhada como o
acto da maior injustiça por toda a Europa; sendo ató contra as pro-
messas feitas pelo almirante Roussin, depois que forçou a entrada da
barra, quando mandou dizer ao governo portuguez que a Franca gene­
rosa, nao obstante se adiar a esquadra franceza defronte do Pago Real,
trataría debaixo das mesmas condiçdes propostas anteriormente.
Ora, naquellas condiçoes nunca tendo podido entrar a idea da
tomada dos nossos navios de guerra, faltou o almirante a tudo quanto
prometteu. Alem d'ísto, acrescentei eu, que a esquadra estava táo
longe da idóa de combater, que se achava no ancoradouro dentro das
fortalezas, quando, se estivesse disposta para o combate, teria ido
postar-se de modo a poder cruzar o seu fogo com o das mesmas
fortalezas; igualmente, portanto, caía por este facto o argumento,
com que se pretendía justificar aquella captura, de ter a esquadra
combatido.
Isto posto, sómente urna razáo se poderia aínda apresentar para
justificar o governo franeez, aos olhos do mundo, do seu procedimento:
a de olhar a esquadra como garantia dos pagamentos promettidos.
Admittida únicamente esta razáo, segue-se que os pagamentos sendo
feitos a garantia deixa de existir.
O Duque respondeu-me que a decisáo estava pendente do Conse­
lho d'Estado, e da sua opiniáo dependía o negocio.
Redargui, dizendo-lhe ser o Conselho d'Estado um tribunal úni­
camente consultivo, cuja decisáo nada obrigava o governo, o qúal sem­
pre ficava livre de obrar como quizesse; e, tendo sido a declaracáo
dos ministros na cámara a de nao ter havido guerra entre as duas
naçoes, esperava eu que o ministerio procedesse com justiça, entre­
gando-nos a esquadra quando nos julgassemos o momento favoravel
para a reclamar.
Passei depois a tratar sobre a corveta Urania, a qual foi apprehen-
dida no alto mar, nao fazendo, portanto, parte da esquadra. Dizendo-
me o duque de Broglie julgar ser a dita corveta considerada tambem