o seu tempo - DSpace CEU

Daupias 4:000 libras, para os arranjos do embarque do Imperador e
mais officiaes que háo de ir com elle. O Miranda nao as pode mandar,
porque as nao tem á sua disposiçao. Certamente o nosso amigo Can­
dido nao sabe como o emprestimo foi feito, e é por isso que eu te
escrevo, para o pores ao facto, e se evítarem fallatorios e dissabores,
que eu muito desejo evitar. Os contratadores ajustaram por á disposicáo
da commissáo, logo que recebessem os bonds assignados, um crédito de
75:000 libras, vinte dias depois 25:000 libras, e dez dias depois libras
25:000 entregues ao Lima. As primeiras duas sommas, que fazem
100:000 libras, seriam applicadas infallivelmente para objectos da ex-
pedicáo, sem poderem ter outra applicaçao, e as 25:000 libras, entre­
gues ao Lima, teriam aquella que elle julgasse conveniente. D'estas é
que devem saír essas despezas que ahi teem de se fazer, e nao d'aquel-
las, que teem urna applicacáo determinada pela commissáo, onde está
um agente dos contratadores para vigiar essa applicacáo. Além d'isto,
será airoso que appareça urna verba de despeza, carregada ao Impe­
rador, na expedicáo ?! A essa gente que vae com elle, devem-lhe man­
dar pagar os seus subsidios, e com isso se arranjem; e para o Impe­
rador lá irá a bordo o que for necessario e decente para a sua mesa.
Ainda nao se concluiram os bonds porque tem havido demora na
sua impressáo, por causa da gravura da chapa e tiragem, e mui prin­
cipalmente porque um tal Silva, que se diz nosso agente, mas que o
é mais dos contratadores que nosso, ó que foi encarregado de os
apromptar, e quanto mais os demorar mais tempo dá aos contratadores
para elles demorarem o dinheiro na máo. Téem-se feito maravilhas pela
actividade da commissáo, e porque o Mendizabal, por si e pelos seus,
tem supprido o necessario, fazendo-nos favor d'aquillo que nos pode-
riamos ter em nossa máo, se o tal Silva nao andasse mettido nisto.
Isto é só para ti, e para pores o Candido ao facto de tudo, porque o
nao está, e obrar neste sentido.
No dia 27 de outubro chegou o marquez de Palmella a Londres,
vindo de París; nesse dia procurei-o ás duas horas depois do meio
día; nao o achei.
Miranda, hontem, na visita ao Marquez, disse-lhe o estado da
expediçao, que o admirou, e fallou-lhe claro; mas nao tanto como eu
hoje fiz. Disse-lhe que todas as suas operaçoes, cá e lá, se deviam
reduzir a um só fim, e este o mais rápido possivel: collocar o Impera­
dor na ilha Terceira l
. A nao ser isto, que eu nao dava nada pela
1
D'isto se convenceu, por fim, D. Pedro. (Félix Pereira de Magalhaes, Apontamentos
para a historia diplomática de Portugal, pag. 91.)