o seu tempo - DSpace CEU

O visconde de Peso da Regoa, homem de nenhuma aptidáo militar,
depois de ter exercido o commando em chefe do exercito de operaçoes
contra o Porto, que resignou em seu sobrinho visconde de Santa Mar.
tha, igualmente incompetente como official general, é agora governador
da provincia da Estremadura, que inclue o principal commando militar
na capital, tendo o seu predecessor sido removido para lhe dar logar;
ainda que um tal passo fosse até aqui sem exemplo, e que este posto
tivesse sido sempre occupado invariavelmente pelo mais velho tenente
general do exercito.
, O visconde de Monte Alegre commanda urna divisSo diante do
Porto, o visconde de Molellos é governador no Algarve e o visconde
de Canellas foi ministro de D. Miguel em Bruxellas até ás mudanças
politicas que occorreram na Bélgica.
Supplemento
A soluçao da questao portugueza interessa principalmente a In­
glaterra e a Hespanha. A estatistica aqui junta dos navios que entraram
no porto de Lisboa, durante o anno ultimo, mostra o superior interesse,
num ponto de vista commercial, que a Inglaterra deve ter nos nego­
cios de Portugal; aquelle que a Hespanha sentiu procede de outros e
mais ambiciosos motivos, que foram sufficientemente desenvolvidos ñas
precedentes observaçoes. Pela estatistica se vé que durante o presente
anno os navios inglezes que visitaram Lisboa sommam mais que todos
os outros, das outras naçoes da Europa, juntos. Sendo o seu commercio
muito maior, ó tambem opiniao d'estas outras naçoes que ella tem o
maior interesse em resolver os negocios de Portugal, como melhor pode
convir ás suas proprias vistas, e, se téem qualquer outro sentimento a
este respeito, é só em proporcáo ao que as anima mais ou menos, em
favor do absolutismo, e porque consideram D. Miguel o sustentáculo
de seus principios; mas nao se poderá acreditar que qualquer governo
lance o continente numa guerra, para manter no throno usurpado um
homem que tem dado provas de ser incapaz de reinar; que tem sido
um elemento de depreciacáo de todos os outros soberanos, na opiniao
do seu povo; cujo governo nos seus actos tende para a ruina do paiz
sujeito ao seu dominio; que tem assignalado o seu reinado por urna
nunca igualada crueldade e baixeza, assim como pela espoliacáo, sem
restricçoes, dos seus subditos; nao estando finalmente segura nenhuma
pessoa, qualquer que seja a sua classe, assim como nenhuma proprie-
dade, por mais sagrada que seja. Tem-se sustentado que a Prussia
interviria, se se fizesse alguma tentativa para derrabar o governo de
D. Miguel, cuja conservacáo no throno lhe interessa vivamente; ainda
que isto seja a opiniao individual do ministro prussiano em Madrid,