o seu tempo - DSpace CEU

2. a
De publicar um acto de amnistía em favor dos portuguezes
comprometidos na expedicáo de D. Pedro.
No caso de serem acceitas estas proposiçoes por (o sr.) D. Miguel,
o mesmo agente se dirigirá ao quartel general de D. Pedro para
insistir em nome dos dois soberanos, de Austria e de Inglaterra, que
elle sáia da cidade do Porto, fornecendo-se-lhe os meios necessarios
para o levar a efFeito. O precitado officio conclue, dizendo «que de
modo algum D. Pedro deve voltar para as iltias, as quaes, diz, devem
ser restituidas a Portugal». Esta correspondencia, que eu li, foi com-
municada a este governo, que muito approvou o seu conteúdo e o fez
constar onde cumpria.
Que este plano nao foi adoptado pelo governo inglez provam-no
os factos subsequentes, e sobretudo a falla de El-Rei na abertura do
parlamento. Pode ser, todavia, que o adopte, se nao puder de outro
modo fazer prosperar, ou salvar, a causa dos inimigos de S. M.
Eu nao devo terminar esta communicacáo sem observar que, á
vista dos termos em que se explica a corte de Vienna, é licito de
deduzir que ella persiste sempre em deixar, no nosso negocio, a ini­
ciativa á Inglaterra, e que portanto devemos recear que as tres
grandes potencias do norte persistam em esperar que a Inglaterra
lhes dé o exemplo para reconhecer El-Rei N. S.
Deus guarde a v. ex. a
—111. ra0
e ex. m0
Rafael da Cruz Guerreiro.
sr. visconde de Santarem.=
O governo inglez diligenciou resolver a questao portugueza, na epocha em
que occorreu a conversaçao particular a que se refere Guerreiro, no seu officio
reservado n.° 177. Chegou mesmo a enviar a Madrid sir Stratford Canning, com
instrucçoes para negociar com o governo hespanhol as clausulas do accordo diplo­
mático; porém nada conseguiu, porque tanto D. Pedro como o governo hespanhol
se negaram a violar a integridade dos seus systemas políticos.
DOC. CV
Oflício do conde da Ponle, minislro em París, ao viscondc de Sanlarem
Affirma que os representantes das grandes potencias lhe dao
repetidas provas de interesse pela causa real portugueza
Paris, ó de abril de 1833.
Reservado n.° 336.— I\\. m0
e ex. mo
sr.—Nada de importante se
passa em Paris entre os refugiados, os quaes se acham em extrema
miseria, nao tendo para viver nada alem do que este governo lhes dá.