o seu tempo - DSpace CEU

Nesse mesmo dia fallou D. Francisco a lord Palmerston, minis­
tro dos negocios estrangeiros, o qual o tratou mui bem, e perguntou-
lhe pelos meios que tinhamos para ir a Portugal, se tinhamos navios
e gente; ao que elle lhe tornou que tudo tinhamos e que a gente
andava por quatro mil na ilha Terceira, todos mui animados, e que o
espirito publico de Portugal era óptimo; ao que lord Palmerston disse:
«Isso combina com o que eu tambem sei a respeito de Portugal. Só
voces nos podem tirar da má posicáo em que nos adiamos a respeito
de Portugal». D. Francisco disse-lhe que nos faltava dinheiro e que o
Brazil nos tinha faltado a pagar o que nos devia; ao que elle respon-
deu: «Isso é horroroso».
Dia 27. — Foi o Lima fallar com o mesmo lord Palmerston.
6 de dezembro. — O Imperador escreveu a Santo Amaro, dizendo
que nao cedesse nada ao ministerio inglez, porque a Causa de sua
Filba havia de triumphar, e que, em consequencia das mudanças poli-
ticas em Franca, já nao convinha suspender a constituicáo até á
maioridade de sua Filha, como elle tinha dito. Escreveu ao duque de
Orleans (agora rei de Franca) na qualidade de regente do reino;
pedia-lhe que ajudasse a acabar a usurpaçao em Portugal e a ajudar
a restabelecer o systema constitucional, como em Franca o havia feito.
Dizia que, como sua alteza real tinha dado a entender que quería o
casamento do duque de Nemours com a Rainha de Portugal, que elle
estava prompto para se eíFectuar. A Rainha tambem escreveu á du-
queza de Orleans (agora rainha), e estas cartas vieram a Francisco
Gomes da Silva para as ir entregar. O Imperador neste correio man-
dou pedir a Santo Amaro a copia das suas instrucçoes sobre o nego­
cio de Portugal!!! Nao ficou copia na secretaria.
9 de dezembro. — Hoje disse o Mattos, encarregado de negocios
do Brazil, a D. Thomás Mascarenhas, que tinha positiva ordem do
marquez de Barbacena, dada no tempo em que elle era ministro, para
nao pagar, desde o principio de dezembro d'este anno, mais a mezada
das 8:000 libras destinadas para a Ilha e emigrados!!!
17 de dezembro. — Confirmaram as ordens do Rio para nos nao
darem nada, nem as 8:000 libras para a regencia!! O marquez de
Santo Amaro disse que nao contava com o novo ministerio, e por
isso nao tomava sobre si responsabilidade alguma; que o negocio era
impopular no Brazil!!
29 de dezembro. — Com effeito, o marquez de Santo Amaro conveiu
em declarar que o Brazil pagaría a pessoa encarregada pela regencia
para receber as annuidades e dividendos do emprestimo contrahido
em 1823, sem que tivesse ingerencia na sua applicaçao; assim se con-
cluiu o emprestimo.