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o seu tempo - DSpace CEU

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em que assim o declare, ou desmentindo a existencia dos mesmos<br />

planos, ou lavando d'elles as suas máos. Votado á liberdade e á minha<br />

Patria, firmemente resolvido a sacrificar-me por ambas, se for tao feliz<br />

que possa fazel-o, preparo-me para apontar á opiniáo europea o que<br />

se desconfia do Duque de Bragança; e como, se v. s. a<br />

allegou as<br />

occasioes que teve de sondar os emigrados, eu sou um d'aquelles<br />

cujas disposiçoes v. s. a<br />

gravissimamente injuria, v. s. a<br />

terá parte no<br />

que eu publicar, se nao tiver a bondade de fazer-me urna declaraçao<br />

escripia, peremptoria e mui explícita, de que nao é verdade o que se<br />

lhe attribue, como expuz no principio d'esta carta.<br />

Tendo quasi prompto um artigo para a imprensa, nao posso esperar<br />

pela resposta de v. s. a<br />

mais de vinte e quatro horas. V. s. a<br />

conhece<br />

as disposiçoes do espirito humano; á vista dos boatos que circulam,<br />

e depois da interpellaçao que nesta carta dirijo a v. s. a<br />

, o <strong>seu</strong> silencio<br />

ou urna resposta evasiva confirmaráo o que se suspeita, tanto acerca<br />

de v. s. a<br />

como acerca do Duque de Bragança, visto que v. s. a<br />

pode negar ter assistido aos conselhos de Sua Magestade. V. s. a<br />

nao<br />

para<br />

recusar-me a resposta que lhe peco, nao poderá escudar-se, nem com<br />

a natureza do objecto, visto que se trata dos interesses mais caros da<br />

nossa Patria, nem com desprezo em que me tenha, porque nao ha em<br />

que o fundar; a declaraçao e confissao franca de boas intençoes nao<br />

pode ser vedada ñas actuaes circumstancias, se essas intençoes existem<br />

na realidade. Entretanto notar-lhe-hei que o sediço argumento de que<br />

a Nacáo Portugueza nao quer liberdade será contraproducente se, para<br />

abafarem essa liberdade, estorvarem de influir proporcionalmente na<br />

sorte do nosso paiz urna parte tao consideravel da sociedade portu­<br />

gueza, como sao tantos emigrados. Repetir-se-ía assim a farça de<br />

D. Miguel, na organisacáo dos <strong>seu</strong>s Tres Estados; e cumpre advertir<br />

que taes farças nao aproveitam, repetidas; muito mais se o primeiro<br />

exemplo d'ellas nao teve bom resultado. Incorrerei eu na censura de<br />

charlat&o se nesta carta inserir mais um texto latino? Seja como for,<br />

v. s. a<br />

me permittirá que lhe lembre a outra sentença—abyssus ábyssum<br />

invocat.<br />

Em política, os dias, os mezes e os annos necessarios para se pro-<br />

duzír um resultado, sao sempre quántidades indifferentes, posto que<br />

o nao sejam para a nossa sensibilidade; um throno que, por vicio de<br />

sua base, caír no fim de algum <strong>tempo</strong> (mais ou menos longo), que<br />

figura ficará fazendo na historia ? E que papel representará o fundador<br />

se por sua idade puder sobreviver alguns annos á queda do <strong>seu</strong> edi­<br />

ficio? Com que tinta serao escriptos nos livros da humanidade os<br />

nomes d'aquelles que tiverem concorrido para se fundar em areia<br />

esse throno, cuja perspectiva tío singularmente deslumhra suas ambi-

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