o seu tempo - DSpace CEU

evolucionaria, nao faz ou nao pode fazer o que pedem os verdadei-
ros interesses da Franca, e a paz e socego da Europa.
Como quer que seja, a complica cao a que o governo francez
sujeitou esta questáo, augmentará ou diminuirá á proporcáo do que
fizer ou desfizer aquelle v
governo acerca da meada que, com ordem ou
sem ella, teceu o seu embaixador em Constantinopla. No entretanto,
este governo imperial sustentará os principios que nesta questáo apre-
sentou á Europa na declaracáo que tive a honra de passar ás máos de
v. ex. a
com a gazeta d'esta corte; e d'esta assercáo é prova evidente
a nomeaçao e partida do conde de Orloff para Constantinopla com o
carácter de embaixador extraordinario.
Este ministro de Hespanha recebeu, para o communicar, o decreto
real annunciando a partida de Sua Alteza Real a Senhora Princeza
da Beira e seu Augusto Filho, bem como de Sua Alteza Real o Senhor
Infante D. Carlos, e respectivas familias, para Portugal; decreto
que veiu acompanhado com a segurança e affirmativa que esta via­
gem nenhuma relacáo tinha com a politica. A este respeito, pede a
verdade que se diga que a credulidade nao tem sido geral em toda
a Europa.
A mesma verdade pede que se diga tambem que muita gente boa
considera o estado actual de Hespanha bem differente d'aquelle em
que se achava aquelle reino antes da doença de el-rei. En táo nao ha­
via, se pode dizer, partidos; actualmente formaram-se, estáo em frente
um do outro, e urna crise parece inevitavel. A abolicáo ou conserva-
cáo da lei sálica ó a causa de um estado de cousas actualmente em
Hespanha, que, para poder julgar das suas consequencias, cumpre exa­
minar quaes sao os principios que professam os dois partidos que com-
batem ou defendem a abolicáo d'aquella lei. Receio muito que as cou­
sas cheguem a ponto de ver naquelle reino, como se viu em Portugal,
os revolucionarios defendendo a legitimidade.
A vista da eventualidade de um tal futuro, faz-se cada vez mais
urgente que a nossa questáo acabe, que se dé por bem empregado
todo o sacrificio que nao comprometter a dignidade do Soberano e a
independencia da naçao, e que para esse fim procuremos amansar o
governo inglez, queja deve estar cansado e desengañado; lembrando-nos
sempre que sem elle nao podemos chegar ao desenlace da nossa ques­
táo, porque todos os governos parece permanecerem sempre na deter-
minacáo de lhe deixar a iniciativa, e nao se apartaráo certamente
d'ella neste momento em que os negocios do Oriente aconselham de
contemplar a Gran-Bretanha.
Deus guarde a v. ex. a
— Ill. mo
Rafael da Cruz Guerreiro.
m 0
e ex.
sr. visconde de Santarem.=