o seu tempo - DSpace CEU

Officio do conde da Louzá a J. L. da Cosía
Paco no Real Sitio de Caxias, 4 de setembro de 1832.
Depois de assignado o Aviso que na data de hontem dirigí a v. m. 0
*, recebi
os seus dois officios de 22 de agosto passado, que incluiam o exemplar da gazeta
Standard, de 15 do dito mez, e, ficando sciente do conteúdo d'elles, só tenho a
communicar-lhe, em addicionamento ao que no meu antecedente expuz, que em
contratos de emprestimos para o Governo de El-Rei Nosso Senhor deve haver
todo o cuidado em sustentar-se a Dignidade da Real Coróa, procurando-se sempre
as garantías da parte dos contratadores mutuantes, que segurem a realisacáo
de taes contratos, sem prejuizo dos interesses do Estado e do seu crédito, como
v. m. 0
* bem pondera.
Quanto ao artigo do Standard, relativo á conclusao do contrato a que se refere
o mesmo artigo, participo a v. m. cé
que cousa alguma foi ainda proposta ao
Governo de S. M., nem deve ser tolerado qualquer ajuste fóra d'aquelles limites
prescriptos no Decreto e Instrucçoes de 14 de abril d'este anno, sem que sejam
derogados. O que communico a v. m. cé
para seu conhecimento.
c é
Deus guarde a v. m. = (Assignado) Conde da Louza, D. Diogo. — Sr. Joaquim
Leocadio da Costa.
Extracto da caria que o Official de Secretaria c do Gabinete do Ministro da Fazenda, Antonio Mazziotti,
dirigiu de Lisboa era 4 de setembro de 1832 a J. L. da Cosía, era Londres
Nao rcspondi á sua estimadissima de 27 de junho, porque, sem o sr. conde da
Louza tambem se referir aos differentes officios que de v. s.* tinha recebido, nada
eu podia dizer, e s. ex.» igualmente o nao podia fazer, sem dar d'aquelles officios
conhecimento a S. M., para receber d'elle as suas Reaes Ordens, o que sómente
teve logar quinta feira ultima, 30 do passado, porquanto, S. M., estando muito
occupado com objectos de guerra, tanto de mar como de térra, ó custoso poder
dar Despacho aos seus Ministros, nao sendo sobre aquellas materias; portanto, nao
posso ser increpado da falta de responder. Agora, porém, que s. ex.* se dirige a
v. s.*, verá pelos seus dois officios a confiança que as suas reflexóes mereceramna
real presença de El-Rei, e, sobre o assumpto, nada mais tenho do que referir-me
aos ditos officios.
Quanto ao que v. 8. a
me diz sobre ter-se divulgado urna materia cujo segredo
tanto foi recommendado, nao se admire, porque quem ahi o podia divulgar, tam­
bem por cá fez o mesmo antes de partir, tanto que eu bem fui atacado por inqui-
riçoes, a que resistí como devia, e, portanto, ainda que o negocio esteja sabido,
mais ou menos, eu nao me comprpmctti e, por isso, nao se me dá que se soubesse,
comtanto que nao fosse por mim. Eu quereria discorrer alguma cousa sobre os
seus officios, ou, para melhor dizer, da materia d'elles, mas o tempo é curto e nao
trato agora senao de concluir esta para a remetter ao sr. visconde de Santarem.
Limito-me sómente a recommendar a v. s.* que procure levar o adjunto por meios
conciliatorios, e em boa harmonía, porque a mesma recommendacáo se lhe faz no
officio que s. ex.* tambem lhe dirigiu em resposta a outro de 27, mas nao se dé
para com elle por adiado d'esta communicaçao, e tambem náojulgou fazer av. s.*
tal recommendacáo, por isso que nao era necessaria da sua parte ; eu é que tomei
sobre mim este passo.