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Sandra Regina Dias de Costa - Programa de Pós-Graduação em ...

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104<br />

psiquiátrico, quais sejam: choro, culpa, reação, ação. O choro diante <strong>de</strong> um diagnóstico<br />

inicialmente inexorável e colocador <strong>de</strong> limites para o futuro do filho; a culpa por não ter<br />

percebido antes as dificulda<strong>de</strong>s da criança e pelas reações violentas diante do<br />

comportamento da criança; e a alegria pelos resultados obtidos a partir da prática social<br />

transformadora. Para esclarecer melhor, segu<strong>em</strong>-se algumas falas:<br />

F1 –(...)daí saí chorando; chorei um ano, chorei um rio, do jeito que eu sou exagerada, gosto <strong>de</strong><br />

tudo tão perfeito, na minha cabeça não entrava como <strong>de</strong>ixei minha filha chegar a esse ponto.<br />

C10- Em entrevista perguntaram se eu sabia se as crianças com TDAH apanham mais que as<br />

outras.<br />

F1- Eu acho que sim.<br />

F8- Eu acho que sim. Porque até que a gente saiba sobre o probl<strong>em</strong>a. O V estava com 5 anos<br />

quando eu vim a saber o que era hiperativida<strong>de</strong>, foi aí que eu fui me informar. Eu comecei a ficar<br />

com culpa pelas vezes que bati nele. Sofri para lidar com isso, quando eu precisava corrigir<br />

ele <strong>de</strong> alguma coisa eu ficava com r<strong>em</strong>orso, fiz tratamento com a psicóloga para me ajudar.<br />

F1- L<strong>em</strong>bra que você pensava que nunca ia acontecer com o teu<br />

F8- Eu l<strong>em</strong>bro. Hoje falei para o meu marido: ai amor, sabe que hoje eu vim chorando da escola,<br />

mas chorando <strong>de</strong> alegria o caminho inteiro; porque quantas vezes você chora <strong>de</strong> nervoso,<br />

<strong>de</strong> medo que seu filho vai se per<strong>de</strong>r(...)<br />

F1- C10 você vê que dá certo porque a família vai atrás da situação,eu <strong>de</strong>scobri que outras coisas<br />

era diferente, até passei a época <strong>de</strong> chorar <strong>de</strong> tristeza, <strong>de</strong> começar a me culpar, começar a reagir,<br />

a começar a ver o que ela gosta, a respeitar realmente o lado <strong>de</strong>la, porque é essa a fase que a<br />

gente passa, até chegar a respeitar o teu filho do jeito que ele é, aí você já não é mais<br />

culpada <strong>de</strong> nada, você só olha o teu filho e vê o que fazer para ele, aí faz o sist<strong>em</strong>a para ele,<br />

acho assim, você se envolve(...)não é que a gente queira dizer que é a mais culta, é mais<br />

interesse, é estar envolvida(...)<br />

As mães F1 e F8 participam das reuniões <strong>de</strong> orientação a pais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que estas<br />

iniciaram; esta participação foi significativa para o avanço da consciência <strong>de</strong>ssas famílias<br />

para um novo estágio, confirmando as idéias <strong>de</strong> Luria quando afirma que “as<br />

características básicas da ativida<strong>de</strong> mental humana po<strong>de</strong>m ser entendidas como<br />

produtos da história social- elas são sujeitas a mudanças quando as formas <strong>de</strong> prática<br />

social se alteram; são portanto sociais <strong>em</strong> sua essência.” ( LURIA, 1990, p.218).<br />

As reuniões foram momentos privilegiados <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientação para<br />

introdução <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que não faziam parte da vida <strong>de</strong>ssas famílias; neste sentido, a<br />

relação discursiva entre o grupo (processo interpsíquico), contribuiu para oportunizar<br />

uma nova organização nas re<strong>de</strong>s neuronais (intrapsíquico) ou uma nova forma <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> mental <strong>de</strong>ssas mães, e conseqüent<strong>em</strong>ente uma nova forma <strong>de</strong> agir com seus<br />

filhos. Esta questão será <strong>de</strong>stacada posteriormente (página 106).

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