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Sandra Regina Dias de Costa - Programa de Pós-Graduação em ...

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111<br />

probl<strong>em</strong>a, ele não consegue, falei para ela, não é culpa <strong>de</strong>le, na hora da prova ele começa a<br />

fazer, ele esquece tudo, ele faz, a C12, nossa(...) e chega na hora ele não consegue, ele fica<br />

com medo <strong>de</strong> dizer que não sabe, dos outros dar risada, então ela t<strong>em</strong> que enten<strong>de</strong>r essa<br />

parte.<br />

F5- A professora do reforço é um horror, a professora falou assim para mim: você não acha que<br />

ele t<strong>em</strong> preguiça Eu falei: não, ele não t<strong>em</strong> preguiça. Ela disse: ele t<strong>em</strong> que se esforçar. Eu falei:<br />

ele se esforça. Qu<strong>em</strong> não se esforça é ela. Então sabe, eu larguei mão da escola, eu não me<br />

incomodo muito com a escola, porque eu sei que aqui(...). A psicopedagoga fala: eu não acredito<br />

como ele teve progresso, então se ela tá vendo, se aqui tá vendo(... )eu não me importo com a<br />

escola.<br />

Esses relatos evi<strong>de</strong>nciam o quanto é probl<strong>em</strong>ática a relação professores/escola X<br />

pais. Na medida <strong>em</strong> que a escola <strong>de</strong>squalifica o aluno e a família, responsabilizando-os<br />

pelo fracasso escolar e mais ainda, não lhes dando voz, além <strong>de</strong> potencializar o fracasso<br />

acabam por <strong>de</strong>squalificar a própria escola, fazendo com que os pais chegu<strong>em</strong> ao ponto<br />

<strong>de</strong> “não se importar mais com a escola”.<br />

As falas das mães sobre a relação com a escola e com os educadores<br />

possibilitam algumas consi<strong>de</strong>rações.<br />

A primeira <strong>de</strong>las é, como já referenciado, a essência social do hom<strong>em</strong>, ou seja “a<br />

transformação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s externas, <strong>de</strong> natureza social, <strong>em</strong> experiências internas,<br />

apropriadas pelo sujeito a partir das interações sociais” (CARNEIRO, 1997, p.134). Neste<br />

sentido, no <strong>de</strong>correr do ano, com a participação nas reuniões, as mães foram se<br />

transformando a partir da apropriação <strong>de</strong> modos diferentes <strong>de</strong> ver, enten<strong>de</strong>r e agir diante<br />

da limitação biológica <strong>de</strong> seus filhos e, portanto, passaram a ter outra postura frente a<br />

relação com a escola, começando a <strong>de</strong>sconstruir a crença que admite ser<br />

responsabilida<strong>de</strong> unicamente do aluno o sucesso ou fracasso escolar.<br />

Smolka quando analisa a noção <strong>de</strong> apropriação, <strong>de</strong>staca a associação que<br />

normalmente se faz entre internalização e apropriação dos meios culturais <strong>de</strong> mediação,<br />

b<strong>em</strong> como a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar <strong>de</strong> algum modo a a<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong> e pertinência<br />

das ações. No entanto, segundo esta autora, “tornar próprio não significa exatamente, e<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre coinci<strong>de</strong> com tornar a<strong>de</strong>quado às expectativas sociais. Exist<strong>em</strong> modos <strong>de</strong><br />

tornar próprio, <strong>de</strong> tornar seu, que não são a<strong>de</strong>quados ou pertinentes para o outro”.<br />

(SMOLKA, 2000, p.32).<br />

A avaliação do que é ou não passível <strong>de</strong> apropriação ou <strong>de</strong> internalização também<br />

é uma construção social e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da avaliação e validação <strong>de</strong> alguém autorizado,<br />

assim,

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