Sandra Regina Dias de Costa - Programa de Pós-Graduação em ...
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5 O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)<br />
Nas duas últimas décadas o TDAH saiu da obscurida<strong>de</strong> a partir da publicação <strong>de</strong><br />
várias pesquisas (especialmente na área médica) e <strong>de</strong> sua exposição na mídia. Parecia<br />
que quase todo mundo ouviu falar <strong>em</strong> “hiperativida<strong>de</strong>”. Ainda hoje, contudo, a escola e a<br />
família são pegas <strong>de</strong>spreparadas quando “aquinhoadas” com uma criança TDAH.<br />
O transtorno t<strong>em</strong> sido um dos t<strong>em</strong>as mais pesquisados na área <strong>de</strong> psicopatologia<br />
infanto-juvenil e segundo Goldstein (2004, p. 1) é uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m biopsicossocial, uma<br />
vez que fatores biológicos, sociais e psicológicos contribu<strong>em</strong> para a manifestação e<br />
extensão do probl<strong>em</strong>a. Ballard (1997, p.1) por outro lado, <strong>de</strong>screve o TDAH como uma<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m biológica, on<strong>de</strong> a hereditarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha importante papel, e que po<strong>de</strong><br />
ser exacerbado por fatores sociais.<br />
O nome <strong>de</strong>ste transtorno t<strong>em</strong>-se modificado no <strong>de</strong>correr do t<strong>em</strong>po, sendo que a<br />
primeira referência à hiperativida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>satenção apareceu na literatura não médica, <strong>em</strong><br />
meados do século XIX (ROHDE; HALPERN, 2004, p.61). Na literatura médica, as<br />
primeiras <strong>de</strong>scrições sobre crianças com sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>satenção, impaciência,<br />
inquietação e indisciplina foram feitas por George Still, <strong>em</strong> 1902 (ROHDE; HALPERN,<br />
2004, p.61; BENCZIK, 2002, p.21; SCHWARTZMAN, 2001, p.10) que <strong>de</strong>nominou o<br />
probl<strong>em</strong>a como <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> conduta moral.<br />
Em 1940, o transtorno passou a ser <strong>de</strong>signado como Lesão Cerebral Mínima, isto<br />
porque evidências (relação com <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns pós- encefalíticas <strong>de</strong> comportamento na<br />
infância) indicavam que o sist<strong>em</strong>a nervoso central das crianças que apresentavam<br />
sintomas parecidos com aqueles causados por alguma infecção cerebral tivesse sofrido<br />
um dano <strong>em</strong> algum momento. (SCHWARTZMAN, 2001, p.11).<br />
Em 1962, a <strong>de</strong>signação Lesão Cerebral Mínima foi substituída por Disfunção<br />
Cerebral Mínima, uma vez que as hipóteses <strong>de</strong> lesão não se confirmaram (BENCZIK,<br />
2002, p.23), e o comportamento das crianças (consi<strong>de</strong>rando-se as dificulda<strong>de</strong>s<br />
escolares; dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atenção, percepção, m<strong>em</strong>ória, coor<strong>de</strong>nação; hiperativida<strong>de</strong>;<br />
impulsivida<strong>de</strong>; agressivida<strong>de</strong>) passou a ser relacionado a alguma disfunção cerebral.<br />
Atribuía-se “uma relação muito consistente entre as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> e o<br />
comportamento hiperativo (...) o mo<strong>de</strong>lo médico ainda privilegiava o quadro<br />
comportamental, enquanto que o mo<strong>de</strong>lo pedagógico privilegiava o aspecto da<br />
aprendizag<strong>em</strong>.”(SCHWARTZMAN, 2001, p. 13).