Sandra Regina Dias de Costa - Programa de Pós-Graduação em ...
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agora eles passam para outros médicos, então você v<strong>em</strong> na consulta. Como é que tá o S O S ta<br />
assim... (quase não muda muita coisa) tá tomando r<strong>em</strong>édio Vê peso, reflexos, manda ele<br />
escrever alguma coisa, dá as receitas,e mais nada, não falam a evolução <strong>de</strong>le, o que a gente<br />
t<strong>em</strong> que fazer, é só isso Eu acho engraçado, porque leva 3 a 5 meses para você marcar, aí<br />
você v<strong>em</strong> falam, tudo isso, eles não perguntam como está as reuniões N<strong>em</strong> sei se eles<br />
sab<strong>em</strong> que t<strong>em</strong> reunião, se a família tá participando, se a escola participa Não perguntam<br />
nada, não sabe se a gente v<strong>em</strong> se a gente participa, como é que tá as reuniões, n<strong>em</strong> o trabalho<br />
das psicoteurapeutas, nada.. nada.. às vezes eu falo : ele v<strong>em</strong> com a Joara, não falam mais nada,<br />
um negócio muito vago, muito simples, né<br />
F8- Eu acho que a consulta t<strong>em</strong> que ter um conteúdo mais explicativo para os pais saber<strong>em</strong><br />
realmente o que é(...)<br />
F1- Eu tive duas faces diferentes, quando eu fui particular a psicóloga falou assim, olha, você me<br />
<strong>de</strong>sculpe, você t<strong>em</strong> que estar preparada, sua filha t<strong>em</strong> déficit <strong>de</strong> atenção... sua filha vai <strong>de</strong>morar<br />
muito a apren<strong>de</strong>r, os sonhos que você t<strong>em</strong> <strong>de</strong> filho não vão se concretizar, você vai ter que ter<br />
paciência, você vai ter que ser diferente. Mas como Cheguei aqui no C8, chegou um aluno e o<br />
doutor atrás, ele pega o ca<strong>de</strong>rno, uma folha, e fala assim: déficit <strong>de</strong> atenção e foi <strong>em</strong>bora (<br />
muita indignação ao fazer o relato), e foi <strong>em</strong>bora, mas como assim Aí eu falei: mas como<br />
doutor Eu não to enten<strong>de</strong>ndo (...) ela foi na psicóloga que é amiga sua e ela disse que ela não vai<br />
apren<strong>de</strong>r nada(...) ai ele falou: fique calma (...) fez algumas perguntas ( dias da s<strong>em</strong>ana, números)<br />
e foi <strong>em</strong>bora, e foi <strong>em</strong>bora....<br />
No dia da <strong>de</strong>volutiva: Chego aqui chamam, vamos fazer a avaliação <strong>de</strong>la, entro aqui, cheio isso<br />
aqui, tudo cheio <strong>de</strong> professores, eu já me assustei, que que é isso O que milha filha t<strong>em</strong> Aí<br />
começou um por um fazer a avaliação o que minha filha tinha, e eu falei como vai ser Depois eu<br />
falei como vai ser Dr E ele falou vamos ter que fazer um tratamento para você para você ficar<br />
calma aí eu comecei a chorar, olha Dr., imagina esse ano a angústia que eu já tive e o que eu<br />
passei, porque você tá falando agora <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 6 meses <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> minha filha que vou ver<br />
alguma luz no fundo, mas antes disso ninguém falava para mim, eu acho angustiante eu como<br />
mãe que eu quero saber e vocês não me informa até hoje tão todo mundo falando uma coisa<br />
que não entendo, n<strong>em</strong> sei como que é, mas que eu vou apren<strong>de</strong>r, na próxima reunião que a<br />
gente t<strong>em</strong> vou saber do que vocês tão falando, daí me mandou a calar a boca (...) me<br />
mandou que eu tinha que ficar b<strong>em</strong> quieta (...)<br />
C10- Qu<strong>em</strong><br />
F1- C8, falou que eu tinha que me tratar primeiro porque eu tava querendo fazer coisa <strong>de</strong>mais<br />
(...)<br />
As falas das mães retratam b<strong>em</strong> a forma como as contradições que <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> a<br />
partir das relações <strong>de</strong> produção se materializam na relação da classe médica com<br />
pacientes ou familiares.<br />
Numa socieda<strong>de</strong> capitalista, a concepção saú<strong>de</strong>/doença também está marcada<br />
por contradições que, segundo Minayo<br />
marcam as representações da classe dominante que informam as concepções mais abrangentes<br />
da socieda<strong>de</strong> como um todo e são veiculadas <strong>de</strong> forma especializada pela corporação médica.<br />
Reflet<strong>em</strong>-se também nas representações das classes trabalhadoras que se subordinam à visão<br />
dominante, e a reinterpretam <strong>de</strong> forma peculiar, <strong>de</strong> acordo com suas condições <strong>de</strong> existência e<br />
seus interesses específicos. (MINAYO, 2004, p.179).