Sandra Regina Dias de Costa - Programa de Pós-Graduação em ...
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Os distúrbios nessas áreas ficaram consagrados na literatura médica pelo nome<br />
<strong>de</strong> afasia, <strong>de</strong>nominação essa criada por Sigmund Freud (1856-1939). Enten<strong>de</strong>ndo-se<br />
como afasias “os distúrbios da linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong>vidos a lesões nas regiões realmente<br />
envolvidas com o processamento lingüístico”. (LENT, 2001, p.635).<br />
As <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong>stes pesquisadores indicavam que lesões na área <strong>de</strong> Broca são<br />
responsáveis por uma afasia <strong>de</strong> expressão – o indíviduo torna-se incapaz <strong>de</strong> falar ou<br />
apresenta fala não fluente s<strong>em</strong> déficits motores propriamente ditos-; já lesões na área <strong>de</strong><br />
Wernicke provocam uma afasia <strong>de</strong> compreensão – <strong>em</strong>bora sua fala seja fluente,<br />
<strong>de</strong>monstra não ter compreendido o que lhe foi dito, usando palavras e frases<br />
<strong>de</strong>sconexas-. (LENT, 2001, p.636)<br />
Embora estas <strong>de</strong>scobertas tenham representado gran<strong>de</strong> avanço, a <strong>de</strong>limitação<br />
anatômica <strong>de</strong>las permaneceram vagas, já que a variabilida<strong>de</strong> das lesões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos<br />
territórios <strong>de</strong> irrigação sanguínea atingidos pela lesão. Além disso, esse mo<strong>de</strong>los foram<br />
atualizados a partir <strong>de</strong> novas pesquisas.<br />
Wernicke, ainda no século XIX, elaborou um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> processamento neural da<br />
linguag<strong>em</strong> prevendo outros tipos <strong>de</strong> afasia; <strong>em</strong> seus estudos, previu que haveria uma<br />
conexão entre as áreas <strong>de</strong> Broca e aquela <strong>de</strong>scoberta por ele; uma lesão nesse feixe<br />
provocaria uma afasia <strong>de</strong> condução – os pacientes são capazes <strong>de</strong> falar fluent<strong>em</strong>ente,<br />
mas comet<strong>em</strong> erros <strong>de</strong> repetição e <strong>de</strong> resposta aos comandos verbais.<br />
Esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Wernicke, <strong>em</strong> que a área <strong>de</strong> Broca conteria as m<strong>em</strong>órias dos<br />
movimentos necessários para expressar fon<strong>em</strong>as, palavras e frases, e a área <strong>de</strong><br />
Wernicke conteria as m<strong>em</strong>órias dos sons que compões as palavras, possibilitando a<br />
compreensão, e que estas duas áreas <strong>de</strong>veriam estar conectadas para que o sujeito<br />
pu<strong>de</strong>sse associar a compreensão das palavras ouvidas à sua própria fala, fez muito<br />
sentido durante várias décadas, no entanto t<strong>em</strong> sido atualizado recent<strong>em</strong>ente a partir da<br />
observação <strong>de</strong> psicolingüistas. Da mesma forma, a concepção original <strong>de</strong> Broca também<br />
foi revista, sendo que o mo<strong>de</strong>lo atual conexionista envolve a interação <strong>de</strong> diversas áreas<br />
corticais, mas restritas que as <strong>de</strong>finidas por Broca e Wernicke conforme se po<strong>de</strong> ver na<br />
figura 3. (LENT, 2001, p.637). Esta nova concepção surgiu a partir do estudo dos<br />
sintomas <strong>de</strong> pacientes com pequenas lesões que permitiram a possível i<strong>de</strong>ntificação dos<br />
sist<strong>em</strong>as postulados pelos psicolingüistas.