Sandra Regina Dias de Costa - Programa de Pós-Graduação em ...
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para a família o que seja esse quadro, porque muitas vezes as pessoas atribu<strong>em</strong> isso só ao<br />
<strong>em</strong>ocional, atribu<strong>em</strong> só ao orgânico, atribu<strong>em</strong> só a um fator, <strong>de</strong> você realmente convencer os<br />
familiares <strong>de</strong> que o que é, como é, <strong>de</strong> que forma precisa ser tratado, <strong>de</strong> que forma precisa<br />
ser encaminhado, pq se a família não tiver esse movimento <strong>de</strong> consciência do que seja o<br />
quadro ela não vai tratar.<br />
C11- Facilitador: <strong>de</strong> forma geral o que necessita para um quadro <strong>de</strong> TDAH é o que o Hospital<br />
oferece, porque t<strong>em</strong> uma equipe multidisciplinar (...)talvez a questão da estrutura física, mais<br />
profissionais, mais estrutura física mesmo, mais profissionais trabalhando para aten<strong>de</strong>r<br />
essa <strong>de</strong>manda gran<strong>de</strong> além do que talvez a gente pu<strong>de</strong>sse ta aten<strong>de</strong>ndo nesse momento.<br />
Estas falas, <strong>de</strong>stacam <strong>em</strong> primeiro lugar, o que Minayo referiu como “as<br />
representações dominantes <strong>em</strong> toda a socieda<strong>de</strong> são mediadas <strong>de</strong> forma muito peculiar<br />
pela corporação médica” (MINAYO, 2004, p.180) sendo o médico ao mesmo t<strong>em</strong>po o<br />
agente da prática e do conhecimento na construção da heg<strong>em</strong>onia que se expressa <strong>em</strong><br />
torno do setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Quando se estabelece uma hierarquia profissional numa equipe transdisciplinar,<br />
on<strong>de</strong> se dá mais voz e vez àqueles que têm profissões ligadas à área da saú<strong>de</strong>,<br />
evi<strong>de</strong>ncia-se a incorporação do mo<strong>de</strong>lo médico pela psicologia e pela educação,<br />
inclusive com a transposição <strong>de</strong> valores e explicações, fazendo-se uso <strong>de</strong> termos<br />
médicos para explicar, afirmar, valorar (PADILHA, 2001, p.30).<br />
A legitimação <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo médico dificulta uma maior interação entre saú<strong>de</strong> e<br />
educação, b<strong>em</strong> como a eqüida<strong>de</strong> entre profissionais envolvidos no tratamento do TDAH<br />
conforme sugerido por C9.<br />
Nas discussões da equipe, <strong>em</strong>bora os fatores sociais e a história <strong>de</strong> vida dos<br />
sujeitos TDAH s<strong>em</strong>pre aparecess<strong>em</strong>, pouco contribuíam nas propostas <strong>de</strong> intervenção,<br />
prevalecendo s<strong>em</strong>pre o mo<strong>de</strong>lo médico. Ou seja, a vida social do sujeito e as políticas<br />
educacionais apareciam, mas s<strong>em</strong> significado para a prática social, apenas como<br />
satélites ao redor da patologia, dos déficits encontrados no sujeito a partir dos<br />
diagnósticos elaborados por cada um dos profissionais.<br />
A questão do diagnóstico é o segundo ponto que requer uma discussão. Werner<br />
Júnior, num brilhante trabalho on<strong>de</strong> discute o significado do diagnóstico dos transtornos<br />
hipercinéticos aponta a cisão entre os procedimentos <strong>de</strong> diagnóstico e tratamento , já<br />
que pelo mo<strong>de</strong>lo heg<strong>em</strong>ônico presente na medicina,<br />
(...) o médico não precisa estabelecer nenhum tipo <strong>de</strong> relação terapêutica com o paciente, até