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Sandra Regina Dias de Costa - Programa de Pós-Graduação em ...

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estágio é o <strong>de</strong> treinamento ou <strong>de</strong> reflexos condicionados, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da experiência<br />

individual do animal; e o terceiro estágio é representado pelo <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

intelecto.<br />

As experiências <strong>de</strong> Kohler com macacos antropói<strong>de</strong>s 6 , forneceram subsídios para<br />

que Vigotski investigasse o surgimento do intelecto no comportamento dos animais, uma<br />

vez que aquele pesquisador relatou a capacida<strong>de</strong> dos macacos <strong>de</strong>, diante <strong>de</strong> uma<br />

situação <strong>de</strong>safiadora, encontrar uma solução e ainda transferi-la a outras situações.<br />

(VYGOTSKI; LURIA, 1996, p.83).<br />

Este prenúncio <strong>de</strong> uma função intelectual, no entanto, não é o suficiente, para que<br />

os macacos dê<strong>em</strong> um salto qualitativo para a humanização. O que marca a linha<br />

divisória entre o macaco e o hom<strong>em</strong> primitivo é a ausência, no primeiro, da capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> produzir um signo. Embora os macacos tenham manifestado a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

inventar e utilizar instrumentos, estão muito longe <strong>de</strong> utilizá-los para a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

trabalho, ou seja, <strong>de</strong> ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar estes instrumentos não para se adaptar<br />

à natureza, mas para dominá-la fazendo-a servir a seus fins.<br />

O trabalho é o fator principal no processo <strong>de</strong> transição do macaco para o hom<strong>em</strong>.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da mão e sua transformação ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> órgão e produto<br />

do trabalho promoveu o <strong>de</strong>senvolvimento simultâneo <strong>de</strong> todo organismo humano, uma<br />

vez que o trabalho ensejou a ativida<strong>de</strong> conjunta, o apoio mútuo e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conversar, pois os homens passaram a ter algo a dizer uns para os outros. Além disso, o<br />

trabalho passou a exigir do hom<strong>em</strong> o controle <strong>de</strong> seu comportamento, controle esse que<br />

se tornou possível na medida <strong>em</strong> que <strong>de</strong>senvolveu a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar a natureza.<br />

Dessa forma, o trabalho possibilitou o salto qualitativo da evolução biológica para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento histórico, uma vez que, a partir <strong>de</strong>sse, surgiram os pré-requisitos para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento histórico e cultural humano, quais sejam, o autocontrole e o uso <strong>de</strong><br />

signos.<br />

Para Vigotski e Luria (1996, p.95), “o comportamento do hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno,<br />

cultural, não é produto da evolução biológica, ou resultado do <strong>de</strong>senvolvimento infantil,<br />

mas também produto do <strong>de</strong>senvolvimento histórico” e segundo eles, este<br />

<strong>de</strong>senvolvimento t<strong>em</strong> sido estudado menos a<strong>de</strong>quadamente do que <strong>de</strong>veria uma vez que<br />

a psicologia histórica t<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ravelmente menos material à sua disposição. Os<br />

autores apontam três teorias do <strong>de</strong>senvolvimento histórico cultural: a primeira,<br />

6 Wofgang Köhler realizou seus experimentos entre 1912 e 1920 na Ilha <strong>de</strong> Tenerife observando e utilizando como<br />

sujeitos experimentais nove macacos chimpanzés (VYGOTSKY; LURIA, 1996, p.59).<br />

que

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