Projetos e práticas de formação de professores - Relatos - Unesp
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<strong>Projetos</strong> e <strong>práticas</strong> <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> - <strong>Relatos</strong><br />
escola e,por fim, manufatura <strong>de</strong> um texto único a partir daqueles feitos pelos alunos para uma<br />
dramatização.<br />
DO PÁTIO À SALA DE AULA: UM REENCONTRO INTERESSANTE<br />
A análise sociológica da escola foi um instrumento essencial para a mediação en-<br />
tre a equipe do Núcleo <strong>de</strong> Ensino e a instituição. Aos poucos, a equipe ia penetrando no cotidiano<br />
escolar, tendo na observação das relações sociais entre os agentes da escola, a ferramenta<br />
privilegiada para <strong>de</strong>svendar o seu dia a dia. Essa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertou, também, o olhar da equipe<br />
para as questões centrais da instituição, especialmente ao pouco espaço para o aluno efetivamente<br />
po<strong>de</strong>r se colocar como sujeito <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> <strong>formação</strong>.<br />
As ativida<strong>de</strong>s, inicialmente, foram <strong>de</strong>senvolvidas aos sábados, envolvendo cerca<br />
<strong>de</strong> 16 alunos da escola e também <strong>de</strong> outras escolas, interessados no HIP-HOP. O número <strong>de</strong><br />
interessados era maior, porém os que vieram efetivamente foram somente 16. Esse já foi o primeiro<br />
problema. Outros se apresentaram a partir da coor<strong>de</strong>nadora do Programa da Escola da Família,<br />
que insistia em enquadrar o projeto HIP-HOP nessa modalida<strong>de</strong>. Diante da recusa da equipe do<br />
Núcleo <strong>de</strong> Ensino, as dificulda<strong>de</strong>s começaram a se manifestar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o uso do espaço físico até<br />
a entrada dos alunos na escola. Mesmo assim, o projeto começou, tendo a atenção dos participantes<br />
às ativida<strong>de</strong>s do projeto. Houve envolvimento com o grupo, porém a ausência alternada dos alunos,<br />
aliada às dificulda<strong>de</strong>s relatadas, impediam o <strong>de</strong>senrolar efetivo do projeto em sua plenitu<strong>de</strong>. Tal<br />
fato aconteceu logo no início do segundo semestre.<br />
Numa avaliação <strong>de</strong>ssa problemática no HTPC da escola, constatou-se que essa<br />
forma <strong>de</strong> organização do trabalho — meio aberta, aos sábados — não estava atingindo o objetivo<br />
principal do projeto, ou seja, resgatar o interesse dos alunos pelos estudos e a sala <strong>de</strong> aula.<br />
Nesse contexto, surgiu a proposta <strong>de</strong> se trabalhar com duas aulas <strong>de</strong> História, uma vez por semana,<br />
numa turma <strong>de</strong> ensino médio classificada pelo conjunto dos <strong>professores</strong> como “impossível <strong>de</strong> se<br />
dar aula”. O conteúdo <strong>de</strong> História, nesse momento, era escravidão no Brasil, fato que favoreceria<br />
a articulação com as ativida<strong>de</strong>s do projeto.<br />
Assim, a equipe do Núcleo <strong>de</strong> Ensino assumiu as duas aulas semanais <strong>de</strong> História<br />
e uma nova fase do projeto se <strong>de</strong>lineava. A interação do grupo com a classe levou algumas aulas,<br />
mas a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com a discussão e o conteúdo propostos logo estavam presentes <strong>de</strong> modo<br />
sistematizado. Estabeleceu-se um plano <strong>de</strong> trabalho coletivamente, tendo como eixo “Liberda<strong>de</strong><br />
e Escravidão: trabalhador <strong>de</strong> hoje é o escravo mo<strong>de</strong>rno?”. As ativida<strong>de</strong>s pedagógicas conjugaram-<br />
se em pequenos grupos <strong>de</strong> discussão, que mantinham o eixo central, mas o discutia a partir <strong>de</strong><br />
interesses específicos dos alunos, como a questão da mulher, do jovem, do HIP-HOP, do<br />
trabalhador <strong>de</strong> hoje. Através <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os, músicas, textos didáticos e muita interação, as ativida<strong>de</strong>s<br />
foram ganhando forma e conteúdo, <strong>de</strong> um lado, e, <strong>de</strong> outro, os alunos foram estabelecendo sentidos<br />
e significados ao que era discutido em aula, mostrando uma postura diferenciada frente à nova<br />
situação pedagógica.<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO<br />
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