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Projetos e práticas de formação de professores - Relatos - Unesp

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<strong>Projetos</strong> e <strong>práticas</strong> <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> - <strong>Relatos</strong><br />

para amadurecer as funções que ainda não se <strong>de</strong>senvolveram. Para Vygotsky, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

estágio cognitivo da criança, como em Piaget, há sempre a possibilida<strong>de</strong> da aprendizagem<br />

impulsionar o <strong>de</strong>senvolvimento, o que a criança faz hoje somente com ajuda, será capaz <strong>de</strong> fazer<br />

sozinha amanhã e isso <strong>de</strong>vido a interação com os outros e com os objetos. É claro que existem<br />

limites, apesar da aprendizagem resultar em <strong>de</strong>senvolvimento, uma criança <strong>de</strong> 2 anos não vai<br />

apren<strong>de</strong>r a ler só através <strong>de</strong> estímulos, por isso ele nomeia <strong>de</strong> zona potencial, e com isso ele<br />

<strong>de</strong>limita uma margem na qual a aprendizagem se adianta ao <strong>de</strong>senvolvimento gerando-o.<br />

O como fazer isto, os limites, o melhor momento <strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>terminados<br />

<strong>de</strong>safios às crianças é a pesquisa <strong>de</strong> cada educador, pois não há fórmulas, não há paralelismo,<br />

nem linearida<strong>de</strong>. O organismo é vivo, respon<strong>de</strong> a cada cultura que por sua vez é <strong>de</strong>terminante<br />

enquanto condição histórica. As oportunida<strong>de</strong>s para a construção da experiência humana das<br />

crianças são então <strong>de</strong>terminadas pelo grupo familiar, social e histórico da qual são partes e que<br />

por sua vez pertencem a um momento histórico específico também <strong>de</strong>terminante. Esta ênfase na<br />

importância do outro no <strong>de</strong>senvolvimento me parece mais a<strong>de</strong>quada para explicar a riqueza das<br />

interações que observamos na educação infantil e o quanto estar em grupo, construindo vínculos,<br />

vai favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento da criança. As capacida<strong>de</strong>s são então socialmente facilitadas e<br />

não biologicamente <strong>de</strong>terminadas. Outro autor que nos ajuda a valorizar, indiretamente como os<br />

anteriores, o vínculo no processo ensino-aprendizagem e que po<strong>de</strong> me ajudar a construir meus<br />

argumentos a favor da continuida<strong>de</strong> do mesmo professor, é Wallon. Vejamos como: Wallon (apud<br />

Camargo (1997 p. 41), amplia e enriquece ainda mais essas duas correntes quando traz a<br />

contribuição da “emoção como gênese da inteligência”. Para ele é através da emoção que se<br />

instala o primeiro canal <strong>de</strong> comunicação entre o bebê e seu cuidante ( a mãe ou outro adulto que<br />

cumpra esse papel ). Ao dar resposta à emoção <strong>de</strong>ssa criança, o adulto inaugura com ela um<br />

canal <strong>de</strong> comunicação ao mesmo tempo em que a insere ao meio e a cultura em que ela vai<br />

crescer e se <strong>de</strong>senvolver. A emoção no começo está ligada a uma necessida<strong>de</strong> biológica e sua<br />

função é contagiar o outro. Camargo (1997, p. 41) ao explicar a teoria <strong>de</strong> Wallon nos ilustra assim:<br />

“o mundo se <strong>de</strong>scortina para a criança antes <strong>de</strong> tudo, através do outro. O vínculo afetivo, neste<br />

momento, apresenta a criança ao mundo da cultura e lhe garante os contatos que constituirão a<br />

sua aprendizagem”, esta autora conclui ainda que “a emoção é o primeiro canal <strong>de</strong> comunicação<br />

e é fundante da inteligência tendo o papel <strong>de</strong> inserir o sujeito na cultura”. Segundo Camargo<br />

(1997, p. 42) Wallon afirma que “através das emoções o individuo pertence a seu meio antes <strong>de</strong><br />

pertencer a si próprio”. O que nos leva a concluir que inauguro-me como sujeito á medida que o<br />

outro me apresenta o mundo, pois ao tentar compreen<strong>de</strong>r e dar significados aos meus gestos,<br />

choros, caras e reações estabeleço com ele um vínculo <strong>de</strong> comunicação. Portanto concluímos<br />

que para Wallon, afeto e cognição caminham juntos, não há um momento <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong> um ou<br />

<strong>de</strong> outro. Esse movimento acompanhará o sujeito por toda sua existência e terá na vida escolar e<br />

principalmente na educação infantil seu gran<strong>de</strong> e <strong>de</strong>cisivo momento, pois é na faixa etária que<br />

compreen<strong>de</strong> a educação infantil (0 a 6 anos) que todas as possibilida<strong>de</strong>s cognitivas, sociais e<br />

emocionais serão inauguradas, enriquecidas e aprofundadas.<br />

IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES - 2007<br />

UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO<br />

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