Projetos e práticas de formação de professores - Relatos - Unesp
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<strong>Projetos</strong> e <strong>práticas</strong> <strong>de</strong> <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong> - <strong>Relatos</strong><br />
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na escola para: /apren<strong>de</strong>r, conviver, /dividir, esperar, /seguir regras,/<br />
respeitar o outro. Quanta coisa temos para alcançar, / se<br />
conseguiremos ou não/ <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> mim/ seguir o caminho que hoje<br />
sorrindo ou chorando/ começamos a traçar!<br />
A criança vive dois sentimentos distintos, ela se alegra e se assusta ao mesmo<br />
tempo, pois encontra estímulos que encantam como brinquedos novos, livros e o parque como<br />
uma gran<strong>de</strong> área <strong>de</strong> lazer e se assusta, pois para ter acesso a tudo isso significa ficar com<br />
adultos “estranhos” portanto sem o apoio da família e ter que dividir a atenção com outras crianças.<br />
Na verda<strong>de</strong> essa dualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentimentos é vivida por todos os personagens envolvidos na<br />
adaptação da criança na escola, que po<strong>de</strong>m ser a mãe, pai, madrinha, avó etc. No caso da mãe<br />
é comum que ela seja tomada por um complexo sentimento <strong>de</strong> mal estar ao ter que <strong>de</strong>ixar sua<br />
criança (para ela ainda um bebê in<strong>de</strong>feso). Tal sensação po<strong>de</strong> embaralhar suas razões, impedindo<br />
que ela perceba se fez a melhor escolha. Pensando culturalmente, muita coisa mudou em nossa<br />
socieda<strong>de</strong>, o papel social das mães é outro, muitas <strong>de</strong>las precisam ou querem trabalhar, tendo a<br />
difícil tarefa <strong>de</strong> dividir os cuidados e a educação <strong>de</strong> seus filhos com outras pessoas. Há também<br />
o caso dos avós que antes estavam mais disponíveis para ajudar as mães e hoje muitos <strong>de</strong>les<br />
ainda se encontram no mercado <strong>de</strong> trabalho. É preciso como professora sensível <strong>de</strong>scobrir o que<br />
se passa com cada família, ficando atenta a aspectos como, a expectativa da mãe (que é construída<br />
por uma história que vem sendo feita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento <strong>de</strong>ssa criança). Por sua vez o profes-<br />
sor vive também nesse momento uma ansieda<strong>de</strong> que às vezes gera um caos interior: Será que<br />
vou conseguir? Quando tudo vai melhorar? Como escutar tantos choros? Quem aten<strong>de</strong>r primeiro?<br />
Como ajudar os filhos e as mães ao mesmo tempo? Pois na prática tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito das<br />
ações e reações do professor, espera-se que consiga acalmar e resolver todos os problemas que<br />
surgirem. Na escola pública aon<strong>de</strong> as turmas são <strong>de</strong> até trinta crianças, muitas vezes sem auxiliar<br />
permanente, isso é elevado ao cubo e para quem observa <strong>de</strong> longe ou pela primeira vez dá<br />
impressão <strong>de</strong> que tudo está fora <strong>de</strong> controle; ao mesmo tempo tem muitos olhares observando a<br />
professora: as crianças, as mães, a coor<strong>de</strong>nadora, as colegas, as serventes, a professora sente<br />
que será testada, comparada, exigida, se cobra <strong>de</strong> não errar, porque esse é o momento da conquista<br />
dos laços a serem construídos, como nos ensina Davini. J. (1999, p. 56) “a adaptação constitui<br />
um momento <strong>de</strong>licado <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> vínculo <strong>de</strong> dupla mão, pois o educador tem que conquistar<br />
a confiança dos pais para ter o amor <strong>de</strong> seus filhos”. Adaptação é o momento <strong>de</strong> conhecer o outro<br />
e <strong>de</strong>ixar-se conhecer pelo outro, construir vínculos, conquistar confiança, e no caso do professor,<br />
passar segurança mesmo estando vivendo um caos, para acalmar a todos que estão vivendo<br />
isso pela primeira vez, inclusive acalmando a si mesmo. Como fazer? Ao tomar consciência <strong>de</strong><br />
que essa ansieda<strong>de</strong> é normal cabe ao educador olhar a adaptação inicial como um momento<br />
ímpar na escola que exige olhares e planejamentos diferenciados. Davini, J. diz (1999, p.5): “a<br />
adaptação bem elaborada po<strong>de</strong> ser comparada à estrutura ou alicerce <strong>de</strong> uma casa, ela dá sustento,<br />
confiança, constrói vínculos e parcerias, elementos indispensáveis para se ensinar ou se apren<strong>de</strong>r<br />
com alguém”. Para o educador o que estrutura e alicerça seu ensinar em qualquer momento é o<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES - 2007<br />
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