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Dissertação - Mariana dos Reis Santos - Faculdade de Educação ...

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O Estado integral pressupõe a tomada em consi<strong>de</strong>ração do conjunto <strong>de</strong><br />

meios da direção moral e intelectual <strong>de</strong> uma classe sobre a socieda<strong>de</strong>, a<br />

maneira como ela po<strong>de</strong>rá realizar sua “hegemonia”, ainda que ao preço <strong>de</strong><br />

“equilíbrios <strong>de</strong> compromisso” para salvaguardar seu próprio po<strong>de</strong>r político,<br />

particularmente ameaçado em perío<strong>dos</strong> <strong>de</strong> crise. (GLUCKSMAN,1980,<br />

p.129)<br />

A análise aqui realizada busca i<strong>de</strong>ntificar, por conseguinte, os elementos<br />

<strong>de</strong>ssa oci<strong>de</strong>ntalização do Estado enfocando o conselho, colocando em relevo os<br />

objetivos e a composição particularista das diversas versões <strong>dos</strong> conselhos e a<br />

mudança na correlação <strong>de</strong> forças entre grupos representa<strong>dos</strong> nos mesmos. De fato,<br />

o estudo mostra como os grupos econômicos que fazem negócios educacionais<br />

ganham força relativa nos conselhos. Por isso, na ocasião das diretrizes curriculares<br />

<strong>de</strong> Pedagogia, esses grupos possuem consi<strong>de</strong>rável protagonismo na <strong>de</strong>finição do<br />

novo perfil <strong>de</strong> pedagogo. Cabe salientar que educadores comprometi<strong>dos</strong> com a<br />

escola pública buscaram <strong>de</strong>scorporativar a composição <strong>dos</strong> conselhos, tornando-os<br />

menos reféns <strong>dos</strong> interesses particularistas, abrindo a possibilida<strong>de</strong>, assim, <strong>de</strong> um<br />

colegiado capaz <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r uma concepção mais universal <strong>de</strong> educação.<br />

Nesse sentido, a categoria gramsciana <strong>de</strong> Estado ampliado permite observar<br />

a correlação <strong>de</strong> forças e disputas <strong>de</strong>sses interesses particularistas no CNE, oriun<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> civil cada vez mais complexa na sua forma <strong>de</strong> organização no<br />

processo <strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntalização. Através da busca por essa hegemonia é que ocorre a<br />

disputa pela direção moral e intelectual que se preten<strong>de</strong> alcançar no CNE,<br />

assumindo intenções <strong>de</strong> busca pelo consenso nas relações <strong>de</strong> interesses das<br />

frações do empresariado <strong>de</strong> ensino superior.<br />

Coutinho (1989, p. 116) explica que a caracterização <strong>de</strong> Estado ampliado é<br />

manifestação <strong>de</strong> uma chamada “revolução passiva” 10 , on<strong>de</strong> se indica uma “ditadura<br />

10 Gramsci (1987, p. 75) <strong>de</strong>fine que o conceito <strong>de</strong> “revolução passiva”, no livro “Maquiavel, a política e<br />

o Estado Mo<strong>de</strong>rno”, é o Estado. O conceito <strong>de</strong> “revolução passiva” <strong>de</strong>duz-se rigorosamente dois<br />

princípios fundamentais da ciência política. :1) nenhuma formação social <strong>de</strong>saparece enquanto as<br />

forças produtivas que nela se <strong>de</strong>senvolveram encontrarem lugar para um anterior movimento<br />

progressista 2) a socieda<strong>de</strong> não assume compromissos para cuja solução ainda não tenham surgido<br />

as condições necessárias, etc. Assim, <strong>de</strong>vem ser reporta<strong>dos</strong> à <strong>de</strong>scrição <strong>dos</strong> três momentos<br />

fundamentais que po<strong>de</strong>m distinguir uma “situação” ou um equilíbrio <strong>de</strong> forças com máximo <strong>de</strong><br />

valorização do segundo momento ou equilíbrio <strong>de</strong> forças políticas e, especialmente, do terceiro<br />

momento ou equilíbrio político-militar.<br />

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