Dissertação - Mariana dos Reis Santos - Faculdade de Educação ...
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sem hegemonia”. O instrumento <strong>de</strong> transição “pelo alto” é o Estado, on<strong>de</strong> a<br />
socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna permanece subalterna à socieda<strong>de</strong> civil (conjunto <strong>de</strong> aparelhos<br />
“priva<strong>dos</strong>” através <strong>dos</strong> quais uma classe ou um bloco lutam pela hegemonia e pela<br />
direção político moral).<br />
A disputa <strong>de</strong>ssa direção i<strong>de</strong>ológica, político-moral do CNE contribuiu para o<br />
fortalecimento <strong>de</strong> representações privatistas no interior do espaço em mea<strong>dos</strong> da<br />
“onda neoliberal” presente na educação da década <strong>de</strong> 90, que expandiu<br />
significativamente o ensino superior privado. Estas mudanças na configuração da<br />
composição do CNE promoveram relações <strong>de</strong> interesses que, com o passar do<br />
tempo, contribuíram para o consenso da aprovação da base teórica que <strong>de</strong>u<br />
sustentação ao texto final das DCN <strong>de</strong> Pedagogia. Os interesses particularistas das<br />
diferentes frações privatistas almejavam em linhas gerais, a aprovação <strong>de</strong> um texto<br />
mais flexível, que contemplasse bases curriculares mais práticas e menos teóricas,<br />
características <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> ressignificação docente.<br />
Essa hegemonia das frações representantes <strong>dos</strong> diversos tipos <strong>de</strong> instituições<br />
superiores privadas (centros universitários, faculda<strong>de</strong>s e institutos superiores)<br />
mediante a <strong>de</strong>fesa do projeto <strong>de</strong> ressignificação docente presente ao longo <strong>de</strong>sse<br />
processo <strong>de</strong> disputa <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> pedagogo assume prerrogativas consonantes<br />
com as reformas curriculares das políticas <strong>de</strong> formação docente presentes no<br />
cenário da politica governamental <strong>de</strong> FHC e Lula da Silva, respectivamente. Diante<br />
<strong>de</strong>ssa tentativa <strong>de</strong> articulação <strong>de</strong> relações do consentimento entre política do<br />
governo vigente e as frações, algumas existentes no CNE, Saviani reflete que:<br />
O Conselho Nacional <strong>de</strong> <strong>Educação</strong>, pensado como um órgão revestido das<br />
características <strong>de</strong> autonomia, representativida<strong>de</strong> e legitimida<strong>de</strong>, como uma<br />
instância permanente e renovada por critérios e periodicida<strong>de</strong> distintos<br />
daqueles que vigoram no âmbito da política partidária, estaria, senão imune,<br />
pelo menos não tão vulnerável aos interesses da política miúda, o que nos<br />
<strong>de</strong>ixa a mercê do vaivém da política educacional. (SAVIANI, 2008, p.208).<br />
Esse consentimento fortalecido na correlação <strong>de</strong> forças existente no CNE,<br />
como atesta Saviani em sua crítica, é enfatizado na obra <strong>de</strong> Gramsci no momento<br />
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