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Estela

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– Sim, fazer uma doação.<br />

– Para quê? Para quem? Com que fim?<br />

– Desejo afastar-me do mundo.<br />

A conversação se prolongou sobre o assunto por mais de uma<br />

hora de discussão complicada. O excelente homem, pressentindo<br />

sob tudo isso algum mistério, prometeu a si próprio falar com o<br />

tio Noirmoutiers e despediu a sua original cliente, assegurando<br />

ocupar-se do caso e a necessidade de fazer primeiramente a<br />

avaliação exata da fortuna.<br />

E, com efeito, poucos dias após, soube pelo conde a história<br />

dos Pirineus.<br />

Decidira <strong>Estela</strong> seriamente encerrar sua vida em um mosteiro?<br />

Ouvira falar de alguns, estava até informada dos exercícios<br />

com que ali se ocupavam; porém deixava as coisas correrem sem<br />

nada resolver, e o mês de abril, o mês da sua maioridade, chegou<br />

sem que ela houvesse tomado decisão alguma.<br />

Enquanto isso insensivelmente, sua vontade se fixara de modo<br />

irrevogável. Resolvera ser pobre e, após muitas discussões,<br />

deu ordem ao seu notário para vender todas as suas apólices e<br />

distribuir o produto conforme o julgamento e as luzes dele<br />

próprio.<br />

O homem da Lei e o tutor tiveram então freqüentes entendimentos<br />

para a execução dessa estranha vontade. Decidiram<br />

vender os títulos de renda, de acordo com as intenções formais<br />

da jovem, à qual mostrariam as contas de venda; mas, imediatamente,<br />

comprarem outros, ao portador, e depositá-los no Banco<br />

de França em nome do Conde de Noirmoutiers, do qual era<br />

<strong>Estela</strong> a herdeira única. Conforme o modo de pensar desses dois<br />

homens, a fortuna ficaria à disposição de <strong>Estela</strong> em dia próximo,<br />

quando o que chamavam “sua loucura” cedesse lugar ao regresso<br />

da razão. Porém, deixá-la-iam na persuasão de que as suas<br />

intenções tinham sido fielmente executadas, e até lhe indicariam<br />

o emprego e a distribuição das importâncias.<br />

– É igual, disse o conde, e eu preciso confessar que o amor é<br />

o que há no mundo de mais desarrazoado e mais louco.

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