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Estela

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VI<br />

Senhorita Eva<br />

<strong>Estela</strong> penetrou nos domínios da Ciência por um caminho indireto.<br />

Sua curiosidade assim despertada quase por acaso, por<br />

fenômenos estranhos e pouco estudados até então, não devia<br />

extinguir-se mais. Interessava-se por tudo, queria tudo aprender,<br />

tudo saber. As coisas da vida mundana, as conversações de<br />

salão, os bailes, os jantares, o teatro, tornaram-se sem brilho aos<br />

seus olhos e perderam todo atrativo. Falara ao seu diretor espiritual<br />

a respeito do livro do “Solitário”, da aparição de Liguóri ao<br />

Papa Clemente XIV e de alguns outros fatos relatados na obra. O<br />

confessor admitia a aparição do santo, mas insinuou que os<br />

outros casos provavelmente eram ilusões ou talvez até tentações<br />

do demônio. Entretanto, não lhe proibira absolutamente a leitura<br />

dos livros do “Solitário”, prevenindo-a, contudo contra seus<br />

“erros teológicos” que, acrescentou com benevolência, não<br />

tinham importância para ela – que não pretendia cogitar de<br />

Teologia. “Podeis ler seus livros, acrescentou; elevam a alma e<br />

combatem o materialismo. Mas não chegueis ao extremo de<br />

considerá-los iguais às palavras evangélicas. Ele não é um verdadeiro<br />

sábio. Os verdadeiros sábios são todos católicos praticantes.<br />

Os outros, os independentes, são meio sábios, pois duas<br />

verdades não podem opor-se uma à outra, e desde que a palavra<br />

de Deus nos deu a conhecer a verdade, toda a ciência que não<br />

esteja de acordo com a fé não passa de ciência falsa. É, em<br />

muitos pontos, o caso desse autor. Desconfiai também de sua<br />

imaginação, que vos pode arrastar longe. Em uma palavra:<br />

embora não se trate de um romancista, lede-o como se lê um<br />

romance honesto, sem acreditar que tudo haja acontecido.”<br />

Era uma autorização, incompleta, porém suficiente, e ela não<br />

precisava de mais para continuar a leitura que a interessava; em<br />

verdade, hesitara e talvez não continuasse a leitura sem essa<br />

velada autorização. Seu tio lhe prometera emprestar um segundo<br />

livro do “Solitário”, intitulado “A aurora de um novo dia”.

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