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Estela

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XXVIII<br />

Pleno céu<br />

Rafael e <strong>Estela</strong> viviam em pleno paraíso. Sua felicidade era<br />

sem nuvens. O Céu, a Ciência e o Amor enchiam suas almas.<br />

Um ano passava qual um mês, este qual um dia e o dia qual um<br />

minuto. Interessava-se por todas as descobertas, tão múltiplas,<br />

tão engenhosas, da ciência moderna, e já lamentavam a brevidade<br />

desta vida fugitiva, que os arrastava no seu rápido turbilhão e<br />

os impedia de fruir longamente as coisas.<br />

As observações astronômicas os atraíam, toda vez que a pureza<br />

do céu era favorável, e, por vezes, espreitavam durante<br />

horas inteiras uma clareira no céu, que lhes permitisse observar<br />

um fenômeno raro e passageiro; um eclipse de Lua, por exemplo,<br />

um desaparecimento de satélites de Júpiter, um mínimo de<br />

estrela variante, um cometa deslizando através das estrelas.<br />

Enquanto observavam, conversavam, comunicavam suas mútuas<br />

impressões, animavam o céu dos seus pensamentos.<br />

Certa noite de outubro, depois de uma semana de chuva e frio,<br />

a atmosfera subitamente se acalmara purificada e até um tanto<br />

amornada. Quase fazia calor. A noite estava resplandecente de<br />

inúmeras estrelas. As Plêiades, precursoras de constelações de<br />

inverno, já se mostravam a leste, trêmulas quais filhotes em um<br />

ninho, agrupadas em torno de Alcione. A Via-Láctea atravessava<br />

o céu, descendo no oeste, trazendo a cruz do Cisne nas suas<br />

nuvens de opala. O astrônomo e sua companheira observavam,<br />

sob a cúpula silenciosa, um grupo de estrelas de duodécima<br />

grandeza, perdido no Infinito e que se mostrava qual um poço no<br />

meio de negro deserto. Um pouco fatigados com as minúcias de<br />

uma observação atenta e escrupulosa que haviam terminado,<br />

saíram para o terraço e ficaram maravilhados com a luminosidade<br />

extraordinária das estrelas.<br />

– Quanto à noite está formosa hoje! Exclamou <strong>Estela</strong> entusiasmada.<br />

Estas estrelas, tão luminosas assim, parecem até próximas<br />

de nós. Dir-se-ia que distingo a nebulosa de Andrômeda.

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