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Estela

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prodigiosos efeitos de luz produzidos sobre as montanhas da<br />

Lua, pelo despontar e pôr do Sol, o rendilhado maravilhoso dos<br />

círculos lunares, as belas noites em que o quarto crescente recebe<br />

a iluminação oblíqua, que tanto relevo dá às paisagens do nosso<br />

satélite, quis também observar as manchas do Sol e ensaiou<br />

desenhá-las. Certo dia, uma dessas manchas estava tão grande<br />

que era possível observá-la sem luneta, bastando proteger a vista<br />

com um simples vidro azul enfumaçado. Era um lindo dia de<br />

verão e o ardor do Sol era intenso.<br />

– Essa mancha, que parece um ponto, disse ele, é quatro vezes<br />

maior do que o diâmetro total da Terra.<br />

– O Sol é quente! Exclamou <strong>Estela</strong>. Dizes, não é verdade?<br />

que estamos a 148 milhões de quilômetros de distância. Os<br />

habitantes de Mercúrio, que se acham quase três vezes mais<br />

próximos do que nós, devem estar assados. Quando era criança,<br />

pedia para tocar a Lua com as minhas mãozinhas. Nunca pediria<br />

para tocar o Sol.<br />

– Se tivesses o braço bastante comprido para chegar lá, minha<br />

bela, não sentirias a queimadura.<br />

– E por quê?<br />

– A impressão nervosa não é instantânea: ela se transmite ao<br />

longo dos nervos com velocidade de 28 metros por segundo. A<br />

sensação da queimadura não chegaria ao teu cérebro em menos<br />

de 167 vezes 365 dias.<br />

– Realmente, nada iguala à Astronomia, para nos imergir a<br />

cada instante nos abismos do Tempo e do Espaço. Mas, escuta o<br />

canto dos pássaros: é maravilhoso neste momento.<br />

– Sim, delicioso! E é ainda da Astronomia, porque é o Sol<br />

que gorjeia na garganta dos pássaros.<br />

O amoroso sábio, já o vimos, não perdia tempo em pensar nas<br />

minúcias da vida material. Absorvido pela sua ciência, e absorvido<br />

duplamente pelo seu amor, esquecia preocupar-se com o<br />

futuro, e vivia em negligência infantil. Sua jovem companheira<br />

não pensava melhor. Talvez houvesse mais apego de um pelo<br />

outro nessas situações modestas, do que haveria nas de luxo e<br />

abundância.

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