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Estela

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“Começamos a reconhecer o erro das aparências. É tempo de<br />

nos ocuparmos com a realidade. É a nova era da Ciência que se<br />

abre agora ante nosso horizonte ampliado. Vimos de nascer à<br />

alvorada de um novo dia. Abramos nossas asas. Voemos na luz e<br />

no infinito!”<br />

<strong>Estela</strong> prosseguiu lendo. Quer se trate das mulheres, dos reis<br />

ou do povo, para impor-se é mister agradar. E esse autor lhe<br />

agradava, pela originalidade, pela independência. Sentia-se, pela<br />

sua própria natureza, inclinada às curiosidades intelectuais, e se<br />

por vezes se perdera, em tempos anteriores, nas nuvens do<br />

misticismo, fora por ter acreditado na autenticidade da revelação<br />

cristã. Começava a sentir agora que, se essa revelação muito se<br />

aproximara da verdade, contudo não a continha, nas ficções<br />

encantadoras do paraíso terrestre – esse elegante símbolo de um<br />

período da história oriental. Apegou-se à leitura da segunda obra<br />

com o sentimento de que, longe de lhe ser proibida, essa curiosidade<br />

era uma obrigação para o adiantamento de seu Espírito. A<br />

raça humana pareceu-lhe realmente infantil e pouco intelectual.<br />

Sentia-se acima das vulgaridades universais pelo desprendimento<br />

espiritual e pelo seu anseio de saber. Leu avidamente os diversos<br />

capítulos, e chegou ao que era de algum modo a conclusão e<br />

trazia por título: “A Libertação do Pensamento pela Astronomia”.<br />

O autor mostrava a Terra como ilha perdida no infinito. Miríades<br />

de mundos se balançavam no Espaço, uns habitados atualmente<br />

por Humanidades análogas à nossa; outros por espécies<br />

inferiores: larvas, elementos rudimentares, monstros, animais,<br />

embriões do pensamento; ainda outros por seres tão superiores<br />

ao homem e à mulher terrestres quanto nós o somos aos peixes<br />

do mar ou aos moluscos inconscientes; outros mais, outros<br />

povoados, hoje desertos, cemitérios de Humanidades extintas;<br />

outros, enfim, em preparativos para as glórias do porvir. Compreendia-se<br />

assim que o nosso pequeno e medíocre planeta não<br />

passa de um átomo na imensidade, e que a nossa existência atual<br />

representa um segundo na hora da eternidade. Os mundos sucedendo<br />

mundos, os espaços aos espaços, em todas as direções, por

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