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Estela

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também, ali, algo de sua bem-amada, que tomaria corpo e viveria<br />

no futuro, guardando segredos encantadores, quais as árvores<br />

antigas da floresta de Dodona guardam os dos oráculos.<br />

O solo era excelente; escolheu para cada espécie de árvore<br />

uma situação apropriada à sua natureza vegetal, deixou os carvalhos<br />

e os vegetais mais rústicos na proximidade do Observatório,<br />

sobre a fria elevação, e os damascos e pêssegos a um canto<br />

abrigado, junto ao riacho, onde o Sol de Espanha certamente os<br />

amadureceria. <strong>Estela</strong> ouvia-o, não sem um secreto prazer; era<br />

feliz por sentir que ele queria envolver completamente a vida e a<br />

morada com todos os ecos possíveis da sua terna música de<br />

amor.<br />

Desde a primavera seguinte, com efeito, viram sair da terra<br />

pequenos carvalhos, castanheiros, pessegueiros, pereiras, cerejeiras<br />

e aveleiras. E um dia em que contemplava com amor o<br />

nascente viveiro vegetal, meditando sobre a sua origem, exclamou.<br />

– Paraíso! Sabes que paraíso quer dizer jardim. Jardim de delícias!<br />

Este velho convento não tinha mais nome. Chamaremos<br />

de “o Paraíso”.<br />

Viviam acima de tudo pelo espírito, pela imaginação, pela arte<br />

de amar, preocupando-se pouco com os grosseiros prazeres da<br />

mesa, que têm grande importância na vida dos homens em geral,<br />

e também não se preocupavam muito com o que se costuma<br />

chamar conforto. Embora cuidando da sua pessoa, conservando<br />

com zelo o enxoval, aliás, finíssimo, <strong>Estela</strong> se habituara à simplicidade<br />

e frugalidade do “Solitário”. Imitando-o, nunca provara<br />

um licor ou café. Não sentiam a falta dessas espécies de exigências<br />

modernas.<br />

Continuavam a viver além das nuvens, planando no céu luminoso<br />

e infinito. Poder-se-ia acreditar que eram as duas asas de<br />

uma só alma.<br />

Mil fatos, na aparência insignificantes, davam aos dois as<br />

provas recíprocas e constantes da mais profunda ternura, assim<br />

exemplificados: Um dia (de início, ficavam juntos; mas, depois<br />

de alguns visitantes, adotaram a colocação comum), enquanto

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