24.12.2018 Views

Código Tributário Nacional - Hugo de Brito Machado Segundo - 2017

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mas <strong>de</strong>ve ser vista com cuidado, pois, conquanto todos sejam “obrigados a colaborar com a<br />

fiscalização tributária”, as obrigações acessórias – como todo meio <strong>de</strong>stinado a aten<strong>de</strong>r um fim,<br />

ainda que legítimo – <strong>de</strong>vem ser estabelecidas à luz do princípio, ou do postulado, da<br />

proporcionalida<strong>de</strong>. Em situações nas quais seja ina<strong>de</strong>quado, ou <strong>de</strong>snecessário exigir <strong>de</strong> alguém<br />

que faça, não faça ou tolere algo, não será possível a imposição <strong>de</strong> uma obrigação acessória.<br />

Art. 123. Salvo disposições <strong>de</strong> lei em contrário, as convenções particulares, relativas à<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelo pagamento <strong>de</strong> tributos, não po<strong>de</strong>m ser opostas à Fazenda Pública, para<br />

modificar a <strong>de</strong>finição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspon<strong>de</strong>ntes. 1, 2<br />

ANOTAÇÕES<br />

1. Convenções particulares e sujeição passiva – O sujeito passivo da obrigação tributária não<br />

po<strong>de</strong> eximir-se da obrigação <strong>de</strong> pagar o tributo, alegando que celebrou contrato no qual<br />

transferiu a responsabilida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte para um terceiro. Esse contrato será eficaz apenas<br />

entre as partes, mas não perante a Fazenda, até mesmo porque esta não participou <strong>de</strong> sua<br />

celebração. E nem po<strong>de</strong>ria ser mesmo diferente, sob pena <strong>de</strong> muitos contribuintes transferirem<br />

suas responsabilida<strong>de</strong>s para pessoas completamente <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> patrimônio, ludibriando<br />

assim o Fisco. Imagine-se, por exemplo, que o proprietário <strong>de</strong> um imóvel resolve alugá-lo. Ao<br />

celebrar o contrato <strong>de</strong> aluguel, convenciona que o IPTU (que legalmente é <strong>de</strong>vido pelo<br />

proprietário, sujeito passivo da obrigação) será <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do inquilino. Essa cláusula<br />

será válida, mas apenas entre as partes. Não perante o Município, que po<strong>de</strong>rá exigir o imposto,<br />

sem nenhum óbice, diretamente do proprietário do imóvel. A cláusula po<strong>de</strong>rá ser invocada,<br />

<strong>de</strong>pois, pelo locador, para que seja aplicada alguma sanção ao inquilino que a <strong>de</strong>scumpriu, ou<br />

mesmo para obter o ressarcimento do imposto que <strong>de</strong>veria, à luz do contrato, ter sido pago por<br />

este.<br />

É curiosa, porém, a contradição. As convenções particulares não têm nenhum relevo quando<br />

da cobrança do tributo, mas assumem <strong>de</strong>smedida e in<strong>de</strong>vida importância quando <strong>de</strong> sua<br />

restituição, pois, conforme uma equivocada construção jurispru<strong>de</strong>ncial, o tributo dito “indireto”<br />

que houve ecoado no preço cobrado pelo contribuinte ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> seus clientes, encarecendoo,<br />

não será objeto <strong>de</strong> restituição por isso. Confiram-se as notas ao art. 166 do CTN, e ainda:<br />

MACHADO SEGUNDO, <strong>Hugo</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong>. Restituição do tributo indireto: incoerências e<br />

contradições. São Paulo: Malheiros, 2011, passim.<br />

2. Convenções particulares e legitimida<strong>de</strong> processual do inquilino, relativamente ao IPTU –<br />

Fundado no art. 123 do CTN, o STJ tem negado ao inquilino <strong>de</strong> um imóvel, contratualmente<br />

obrigado ao pagamento do IPTU, a legitimida<strong>de</strong> ad causam para discutir cobranças <strong>de</strong>sse<br />

imposto consi<strong>de</strong>radas in<strong>de</strong>vidas. “Não se po<strong>de</strong> imputar ao locatário a condição <strong>de</strong> sujeito<br />

passivo direto do IPTU ou das taxas <strong>de</strong> limpeza e conservação <strong>de</strong> logradouros públicos, pois<br />

‘contribuinte do imposto’, preceitua o art. 34 do CTN, ‘é o proprietário do imóvel, o titular do<br />

seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título’, sendo certo que esse último (possuidor a<br />

qualquer título) volta-se apenas para as situações em que há posse ad usucapionem, e não para<br />

o caso <strong>de</strong> posse indireta exercida pelo locatário. Nem mesmo o contrato <strong>de</strong> locação, no qual é

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!