24.12.2018 Views

Código Tributário Nacional - Hugo de Brito Machado Segundo - 2017

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

prazo <strong>de</strong> que dispõe a autorida<strong>de</strong> para fornecer a certidão; (ii) a autorida<strong>de</strong> recusa<br />

in<strong>de</strong>vidamente o fornecimento da certidão, sendo <strong>de</strong>morado o procedimento <strong>de</strong>stinado a<br />

<strong>de</strong>monstrar-lhe a inexistência <strong>de</strong> débito; e (iii) o sujeito passivo realmente não tem direito à<br />

certidão negativa, nem à positiva com efeito <strong>de</strong> negativa. Em todos esses casos, consi<strong>de</strong>rando<br />

que terceiros assumirão a responsabilida<strong>de</strong> pelo pagamento do tributo porventura <strong>de</strong>vido, a<br />

exibição da certidão é dispensada. Afinal, o art. 207 <strong>de</strong>ve ser entendido no sistema no qual se<br />

está encartado, o qual elege as certidões <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong> fiscal, e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua exibição<br />

para a prática <strong>de</strong> certos atos, como instrumento <strong>de</strong> garantia do crédito tributário. Se terceiros o<br />

garantem, na excepcional hipótese do art. 207, a sua exibição é dispensada. Confira-se:<br />

Comentários ao <strong>Código</strong> <strong>Tributário</strong> <strong>Nacional</strong>, São Paulo: Atlas, 2005, v. 3, p. 912 ss.<br />

Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou frau<strong>de</strong>, que contenha erro contra a<br />

Fazenda Pública, responsabiliza 1 pessoalmente 2 o funcionário que a expedir, pelo crédito<br />

tributário e juros <strong>de</strong> mora acrescidos. 3<br />

Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilida<strong>de</strong> criminal e funcional<br />

que no caso couber.<br />

ANOTAÇÕES<br />

1. Responsabilida<strong>de</strong> por transferência – Trata-se <strong>de</strong> exemplo <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> por<br />

transferência, pois o fato que enseja a responsabilização do agente público, e sua consequente<br />

colocação no polo passivo da obrigação tributária, ocorre <strong>de</strong>pois do nascimento <strong>de</strong>sta. Para<br />

<strong>Hugo</strong> <strong>de</strong> <strong>Brito</strong> <strong>Machado</strong>, o art. 208 do CTN cuida <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização, através da qual<br />

o servidor público recompõe o patrimônio público lesado por sua conduta dolosa ou<br />

fraudulenta. O parágrafo único estaria, no caso, apenas a explicitar que a responsabilida<strong>de</strong><br />

civil, no caso, não afasta a aplicação <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> natureza administrativa e criminal,<br />

conforme o caso.<br />

2. Subsistência da responsabilida<strong>de</strong> do contribuinte – O CTN se reporta à responsabilida<strong>de</strong><br />

pessoal do funcionário público, e não a responsabilida<strong>de</strong> exclusiva. Assim, parece-nos que não<br />

se exclui a responsabilida<strong>de</strong> do contribuinte. Afinal, não seria razoável que este fosse<br />

beneficiado pela frau<strong>de</strong>, eximindo-se da obrigação tributária, arcando com ela apenas o<br />

servidor público. Tanto um como o outro – servidor e contribuinte – respon<strong>de</strong>m pelo débito que<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser pago em virtu<strong>de</strong> da expedição in<strong>de</strong>vida <strong>de</strong> uma CND. O problema é que o<br />

contribuinte, com o emprego da certidão negativa, po<strong>de</strong> já haver praticado atos que tornem<br />

inviável a exigência do tributo <strong>de</strong>le (v. g., alienado o seu patrimônio). Até porque os terceiros<br />

que, <strong>de</strong> boa-fé, agiram confiando no conteúdo da certidão não po<strong>de</strong>rão ser prejudicados,<br />

conforme será explicado na nota seguinte. Daí a importância da responsabilização do servidor,<br />

para que este arque com os danos sofridos pelo po<strong>de</strong>r público em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua conduta ilícita.<br />

3. Certidão fraudulenta e boa-fé <strong>de</strong> terceiros – Caso, <strong>de</strong> posse da certidão negativa<br />

fraudulenta, o contribuinte realize negócios com terceiros <strong>de</strong> boa-fé, estes terceiros não po<strong>de</strong>rão<br />

ser posteriormente prejudicados pela falsida<strong>de</strong> da certidão. Como já <strong>de</strong>cidiu o STJ, em negócio<br />

executado à vista <strong>de</strong> certidão negativa <strong>de</strong> débito para com a Fazenda estadual, a fé pública <strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!