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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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no contexto latino americano e brasileiro, também<br />

têm servido aos setores oprimidos, no sentido de<br />

elucidar os mecanismos de dominação e construir<br />

outras perspectivas mais humanas de vida em<br />

comum para a sua superação. Essa tem sido, portanto,<br />

uma característica dos estudos avançados na<br />

<strong>Uneb</strong>, sobretudo no que diz respeito ao estímulo<br />

à organização social das populações impactadas<br />

pela avalanche dos investimentos realizados nas<br />

diversas regiões do Estado, como forma de lidar<br />

com os d<strong>anos</strong> e riscos sociais deles decorrentes.<br />

Tem sido uma constante desses estudos, estimular<br />

o surgimento de uma nova consciência. Berger<br />

(1980), tendo em conta os estudos de micro sociologia<br />

desenvolvidos por Irving Goffman, observa que<br />

todas as revoluções começam com transformações<br />

da consciência.<br />

Daí tornar-se pré-condição de legitimação social<br />

de uma universidade que nasce numa dada realidade,<br />

marcada pela opressão, voltar-se para o estudo<br />

dos processos civilizatórios que se entrecruzam na<br />

formação do povo que a circunscreve e lhe confere<br />

sentido, na direção de estimular o surgimento de<br />

uma consciência libertária, emancipadora, de buscar<br />

o domínio das tecnologias da informação e da<br />

comunicação, assim como pensar a formação de<br />

professores para essa nova realidade da Bahia, de<br />

compreender os processos educativos que emergem<br />

dos movimentos sociais e das comunidades para a<br />

gestão da educação, e do desenvolvimento local<br />

sustentável.<br />

Os <strong>anos</strong> que se seguiram ao chamado Milagre<br />

Brasileiro, quando a economia nacional cresceu a<br />

taxas superiores a <strong>10</strong>% ao ano, mais especificamente<br />

os <strong>anos</strong> das décadas de 1970 e 1980, marcaram a<br />

história recente da Bahia com profundas transformações,<br />

tanto no meio rural, como nas cidades. Os<br />

estudos de Germani (1993) e Nascimento (1993),<br />

dentre outros, registram essas mudanças ocorridas<br />

no campo baiano nesse período, enfatizando sobretudo<br />

as suas conseqüências sociais. Esses estudos<br />

revelam a magnitude dos conflitos agrários ocorridos<br />

na Bahia, sobretudo os ensejados entre o final<br />

dos <strong>anos</strong> de 1960 até os <strong>anos</strong> 1980. Esses conflitos,<br />

além de terem ceifado violentamente milhares de<br />

vidas de agricultores familiares e trabalhadores<br />

rurais, resultaram ainda na expulsão do campo de<br />

outros tantos milhares de famílias em direção às<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 119-127, jul./dez. 2009<br />

Antônio Dias Nascimento<br />

periferias urbanas ou mesmo para as margens das<br />

rodovias.<br />

Essa grande massa de migrantes forçados<br />

constituía-se dominantemente de pessoas ágrafas,<br />

com reduzido índice de organização social e sem<br />

acesso aos benefícios da cidadania, condição que<br />

as tornava ainda muito mais vulneráveis a esses<br />

processos de expropriação. Os agentes dessa violência<br />

localizavam-se socialmente, em sua maioria,<br />

no seio do novo empresariado rural que chegava à<br />

Bahia atraído pela facilidade de acesso ao crédito<br />

fundiário, aos benefícios do mecanismo 34/18 da<br />

Sudena resultantes da renúncia fiscal, e, acima de<br />

tudo, pela possibilidade de arrecadar terras do domínio<br />

público, mesmo que fossem elas ocupadas<br />

por numerosas comunidades de posseiros. Além<br />

dos benefícios creditícios, essas empresas contaram<br />

também com a omissão do Estado em relação aos<br />

direitos das famílias de trabalhadores rurais que<br />

possuíam, de boa fé, as terras por elas disputadas.<br />

Sequer o recurso à Justiça lhes foi assegurado. Para<br />

que se tenha uma idéia da gravidade da situação<br />

em relação à indiferença do Estado, basta lembrar<br />

que houve um determinado período, na década de<br />

1970, em que haviam 90 comarcas no Estado da<br />

Bahia sem juízes (FETAG, 1978).<br />

O fato é que hoje, passadas mais de duas<br />

décadas, o território baiano conta com muitos<br />

investimentos do agronegócio, a despeito do seu<br />

doloroso e convulsionado processo de implantação,<br />

sobretudo nas regiões ribeirinhas da Bacia do São<br />

Francisco, a exemplo dos cultivos irrigados de fruticultura.<br />

Além disso, houve também a implantação<br />

de outras atividades que caracterizam a agricultura<br />

moderna, como no caso da lavoura do café, dos polos<br />

de reflorestamento para a produção de celulose,<br />

das plantações de soja, da cana de açúcar destinada<br />

à produção do álcool e outras terminaram por gerar<br />

uma demanda por mão de obra qualificada em<br />

várias áreas de conhecimento como a educação,<br />

administração empresarial, agronomia e outros.<br />

Concomitante a essa “modernização dolorosa”,<br />

no dizer de Silva (1982), que assolou o campo baiano,<br />

como ocorreu em outros Estados brasileiros,<br />

intensificou-se o processo de industrialização, já<br />

iniciado na Bahia desde a criação da Sudene, mas<br />

que nesse período cresce vertiginosamente com a<br />

implantação do Polo Petroquímico de Camaçari.<br />

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