Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
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A idéia de faculdade, inspirada por Anísio<br />
(1962), fundamenta a natureza de uma organização<br />
educacional encarregada da formação de professores,<br />
articulando todos os níveis de ensino; atingida<br />
pela ação da ditadura, não desaparece; torna-se<br />
referência para o campo educacional, em todo o<br />
país; na Bahia, a Faeeba é criada, em 1983, sob<br />
tal inspiração; mas, esteve também sob o alcance<br />
de práticas autoritárias que, em 1997, dormitavam<br />
nas reformas administrativas desencadeadas pelo<br />
estado.<br />
Os <strong>anos</strong> de 1962, 1964, 1983 e 1997 são, assim,<br />
marcas históricas. Seguramente não estão<br />
linearmente implicadas, como pode parecer numa<br />
leitura aligeirada da questão; mas, por outro lado,<br />
permitem emergir elementos que favorecem a associação<br />
entre os processos de reforma do Estado, as<br />
reformas administrativas e a educação. Processos<br />
que envolvem não poucos paradoxos. Uma história<br />
que contém muitas histórias. Da implantação da<br />
UnB, em 1962 – e da idéia de faculdade de educação<br />
articulada à formação universitária no Brasil<br />
–, passaram-se 21 <strong>anos</strong> até a criação, em 1983,<br />
da Universidade do Estado da Bahia (<strong>Uneb</strong>), no<br />
mesmo instante em que cria, também, a Faculdade<br />
de Educação do Estado da Bahia, a então Faeeba.<br />
O ato é uma lei-delegada <strong>10</strong> , editado em período de<br />
regime militar.<br />
Dentro desse período, dezenove <strong>anos</strong> estão compreendidos<br />
no período de ditadura 11 que, de 1964<br />
a 1985, conspurcou a história do Brasil. A Faeeba<br />
sobreviveu por quatorze <strong>anos</strong> até que mudanças na<br />
estrutura administrativa do setor público a alcançaram<br />
e a destituíram da sua condição de Faculdade<br />
de Educação, em face das alterações introduzidas<br />
na estrutura organizacional das universidades<br />
estaduais da Bahia, trazidas pela Lei n.º 7.176,<br />
publicada no Diário Oficial de <strong>10</strong> de setembro de<br />
1997. Assim, mesmo quando já passados doze <strong>anos</strong><br />
do fim do regime militar, a Faeeba viu-se convertida<br />
à dimensão de departamento, sem que houvesse<br />
qualquer processo de consulta à sua comunidade<br />
nem de avaliação do seu desempenho ou da sua<br />
atuação e inserção social na sociedade.<br />
Entre os períodos de criação, existência e extinção<br />
da Faeeba (1983-1997) sucederam-se, no<br />
governo da Bahia, João Durval Carneiro (1983-<br />
1987), Waldir Pires (1987-1989), Nilo Moraes<br />
Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. <strong>25</strong>-40, jul./dez. 2009<br />
Nadia Hage Fialho; Ivan Luiz Novaes<br />
Coelho (1989-1991), Antônio Carlos Magalhães<br />
(1991-1994), Ruy Trindade e Antônio Imbassahy<br />
(1994) e Paulo Souto (1995-1999). No âmbito da<br />
Secretaria de Educação, os secretários Edivaldo<br />
Machado Boaventura (1983-1987) e Edilson Souto<br />
Freire (1995-1999), respectivamente, estiveram à<br />
frente dos momentos mais determinantes da história<br />
da Faeeba: os da sua criação e da sua extinção.<br />
A Lei n.º 7.176/1997 alterou o modelo organizacional<br />
da <strong>Uneb</strong>, única das estaduais baianas<br />
que, até então, mantinha o chamado sistema terciário<br />
(Reitoria / Direção de Faculdade / Chefia de<br />
Departamento). A adoção – ou imposição – desse<br />
sistema, numa universidade com as características<br />
da modalidade organizacional multicampi como a<br />
<strong>Uneb</strong>, gerou impactos sobre a gestão universitária.<br />
A supressão de um nível de decisão intermediário<br />
não se fez acompanhar de outras medidas necessárias<br />
à execução das atividades-meio; e, assim<br />
como o modelo anterior não atendia à configuração<br />
multicampi, o modelo binário (Reitoria / Chefia<br />
de Departamento) tampouco dava conta dessa<br />
singular estrutura organizacional. A dimensão da<br />
estrutura multicampi não admite a concentração<br />
de atividades-meio no âmbito da administração<br />
central, sob pena de grave retrocesso nos processos<br />
de descentralização orçamentária, financeira, administrativa<br />
e de planejamento até então implantados<br />
na Universidade; este é, entretanto, outro tema; e<br />
merece aprofundamentos em espaço maior do que<br />
pode lhe ser atribuído neste artigo.<br />
Na linha de tempo aqui brevemente esboçada,<br />
identificamos alguns registros históricos que ligam<br />
os processos de reforma administrativa no setor<br />
público e a trajetória da Faeeba, então convertida<br />
em Departamento de Educação. Este é um ponto<br />
importante para melhor compreender as reformas<br />
<strong>10</strong> Lei Delegada nº. 66/83, publicada no Diário Oficial do Estado da<br />
Bahia, de 2 de junho de 1983.<br />
11 Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, por 2 <strong>anos</strong> e 11<br />
meses (de 15/04/1964 a 15/03/1967); Marechal Arthur da Costa e Silva,<br />
por 2 <strong>anos</strong>, 5 meses e 16 dias (de 15/03/1967 a 31/08/1969); General<br />
Aurélio Lyra Tavares, por 60 dias (de 31/08/1969 a 30/<strong>10</strong>/1969);<br />
Almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald, por 60 dias (de<br />
31/08/1969 a 30/<strong>10</strong>/1969); Brigadeiro Márcio de Souza Mello, por 60<br />
dias (de 31/08/1969 a 30/<strong>10</strong>/1969); General Emílio Garrastazu Médici,<br />
por 4 <strong>anos</strong>, 4 meses 17 dias (de 30/<strong>10</strong>/1969 a 15/03/1974); General<br />
Ernesto Geisel, por 5 <strong>anos</strong> (de 15/03/1974 a 15/03/1979) e General<br />
João Baptista de Oliveira Figueiredo, por 6 <strong>anos</strong> (de 15/03/1979 a<br />
15/03/1985).<br />
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