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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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autores estrangeiros achadas nesta coleção. Seguem<br />

abaixo os tipos de obras didáticas produzidas por<br />

Tranquillino:<br />

Leitura musical;<br />

• Método de afinação de banda;<br />

• Harmonia;<br />

• Composição;<br />

• Teoria;<br />

•<br />

Estudo prático.<br />

Estas obras podem ser estruturadas nos seguintes<br />

tipos de literatura didática:<br />

Métodos<br />

• Compendio;<br />

• Cartas musicais (este nome é particularmente<br />

dado por Tranquillino, não sendo<br />

encontrado em nenhum outro autor);<br />

• Tratado;<br />

• Lições;<br />

• Caderno;<br />

Tranquillino organizava suas obras didáticas<br />

de maneira gradativa de acordo com o desenvolvimento,<br />

conhecimento e aprendizado do aluno.<br />

Para tanto o referido autor estabelecia:<br />

Organização de conteúdo<br />

• Grau de dificuldade;<br />

• Assunto.<br />

A leitura dos métodos – em especial das Cartas<br />

Musicaes – mostra uma sistemática de ensino que<br />

divide o conteúdo a ser ensinado segundo o grau de<br />

dificuldade, do mais simples para o mais complexo.<br />

Parte da concepção do que seria o conteúdo a ser<br />

aprendido por um músico, tendo como elemento<br />

principal o ritmo, mostrando como se estrutura o<br />

conhecimento musical: os andamentos, as figuras<br />

(breve, semibreve, mínima, semínima, etc,) como<br />

modos de divisão do tempo, segundo os tipos de<br />

compasso. O aluno devia aprender a leitura das<br />

notas na pauta sem, entretanto, entoar os sons; e<br />

realizar a leitura segundo os tempos e figuras ou<br />

acidentes, que modificavam o tempo e o ritmo da<br />

leitura.<br />

A cada lição, era introduzido o novo elemento,<br />

que era explicado. Em seguida, se dava uma<br />

demonstração do uso daquele novo elemento. O<br />

exemplo era repetido pelo aluno para, por fim, incluir<br />

o novo elemento no conjunto de conhecimentos<br />

já aprendidos; isto permitia ao aluno incorporar<br />

ao seu repertório o novo. Num esquema mais ou<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 213-228, jul./dez. 2009<br />

Juvino Alves dos Santos Filho<br />

menos assim: estímulo apresentado, resposta do<br />

aluno, correção, se fosse o caso; repetição do exercício,<br />

para dominar a aprendizagem; incorporação<br />

no todo aprendido. Não se tratava, entretanto, da<br />

simples memorização, já que o aluno-aprendiz, ao<br />

repetir, interagia com o conteúdo ensinado.<br />

O músico aprendiz – depois de certo tempo de<br />

prática e de domínio da teoria e do instrumento –<br />

passava a ser incluído na prática de conjunto; ou<br />

seja, começava a tocar com outros do grupo. Cabia<br />

ao mestre da banda decidir em que momento o aluno<br />

estava “pronto” para isto, e, mais, para participar<br />

das bandas nas suas apresentações públicas. O seu<br />

trabalho como maestro significava, como vimos<br />

no caso de Manuel Tranquillino, a seleção e a<br />

adaptação de um vasto repertório de músicas para<br />

as bandas – o que é demonstrado pelo acervo que<br />

monta e guarda. As bandas, por sua vez, cumpriam<br />

a função de expressão cultural – de entretenimento,<br />

de festa – e de espaços de aprendizado e, também de<br />

exercício profissional. Por isso, elas demandavam<br />

um nível de desempenho compatível, não somente<br />

em nível de variedade e novidade do repertório<br />

como também de certa amplitude, para atender a<br />

gostos variados e espaços determinados: missas,<br />

música de câmara, música de óperas, marchas para<br />

eventos cívicos e, até, para manifestação política,<br />

como o “Hymno Abolicionista” por ele composto.<br />

Havia assim, também um trabalho de formação da<br />

própria platéia e de ação político-cultural.<br />

Nos textos selecionados do livro “Minhas<br />

percepções”, reafirma a importância do regente<br />

da orquestra, a necessidade de obediência e de<br />

liderança, a preocupação com o conjunto, valores<br />

que eram incluídos no processo de formação dos<br />

músicos – além do rigor na execução, o respeito<br />

com o público.<br />

Como pode ser observado, na elaboração de<br />

sua literatura didática Tranquillino toma como referência<br />

estruturas de manuais didáticos de autores<br />

estrangeiros, criando, entretanto novas estruturas<br />

que se adequassem à realidade do seu contexto<br />

sócio-cultural. Os livros didáticos estrangeiros<br />

encontrados são principalmente de autores franceses<br />

e espanhóis, mostrando a sua inserção com<br />

um conhecimento de ponta no momento – o que<br />

não implicava em apenas uma repetição ou cópia,<br />

já que adaptações eram feitas e a execução se dava<br />

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