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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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que há de melhor, de tarimbado das filarmônicas.<br />

Ela incorpora, já entendeu? E a filarmônica não.<br />

(REIS, 2003).<br />

Quando Igaiara Índio fala que a “Banda de<br />

Música pega o que há de melhor, de tarimbado das<br />

Filarmônicas, ela incorpora”, ele está se referindo<br />

aos bons músicos que são formados pelas Filarmônicas<br />

e que geralmente vão tocar nas Bandas<br />

de Música. As filarmônicas foram grandes formadoras<br />

de músicos no Brasil. Sobre isso, podem<br />

ser citadas palavras de Vicente Salles, um grande<br />

estudioso desse tipo de tradição musical: “a banda<br />

de música é, pois, o conservatório do povo e é, ao<br />

mesmo tempo nas comunidades mais simples, uma<br />

associação democrática, que consegue desenvolver<br />

o espírito associativo e nivelar as classes sociais.<br />

No Brasil, tem sido, além disso, celeiro dos músicos<br />

de orquestra, no que tange a madeiras, metais<br />

e percussão”. (SALLES, 1985, p. 11). O termo<br />

banda também se refere à filarmônica, como um<br />

sinônimo.<br />

Aliados a essas corporações culturais estão<br />

os Mestres de Banda que são verdadeiros guias,<br />

dedicados ao ensino da música atuando também<br />

como regente, compositor, arranjador, conduzindo<br />

eticamente seus discípulos na sociedade, e assim<br />

formando cidadãos e profissionais da música. Nelas<br />

uma hierarquia de tutores e pupilos é estabelecida,<br />

ao modo das Corporações de Ofícios da seguinte<br />

maneira: um mestre, um contra-mestre, um professor,<br />

os discípulos e os aprendizes (DANTAS,<br />

2003, p. <strong>10</strong>3-4). O mestre rege a banda e prepara<br />

o repertório, com arranjos próprios, arranjos de<br />

outros compositores e composições próprias. O<br />

contramestre é um músico experiente, de destaque<br />

entre os demais, que afina a banda, ensaia os<br />

trechos mais difíceis com os colegas e substitui<br />

o mestre na sua ausência. O professor de música<br />

é uma pessoa, às vezes músico veterano, com<br />

especial talento para pedagogia, responsável pela<br />

escolinha de música que irá prover o corpo musical<br />

de novos executantes. Os discípulos são músicos<br />

de destaque, que o mestre seleciona para transmitir<br />

seus conhecimentos de regência, instrumentação e<br />

liderança. Finalmente, os aprendizes são os alunos<br />

matriculados na escola de música mantida pela<br />

sociedade filarmônica.<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 213-228, jul./dez. 2009<br />

Juvino Alves dos Santos Filho<br />

A música de barbeiros foi outro tipo de manifestação<br />

musical ocorrida no período colonial<br />

no Brasil e, em particular, na Bahia e no Rio de<br />

Janeiro. Através de relatos históricos é possível<br />

constatar a existência de grupos musicais bem organizados<br />

chamados de choromeleiros e barbeiros<br />

que contribuíram enormemente para a formação do<br />

que hoje chamamos de Banda de Música e Filarmônica.<br />

Segundo Tinhorão (1998, p. 160), em 1802 o<br />

negociante inglês Thomas Lindley, preso no Forte<br />

do Mar, na Bahia, por tentativa de contrabando,<br />

via passar, “freqüentemente, bandas de música<br />

em grandes lanchas, tocando pelo caminho rumo<br />

às vilas da vizinhança, na baía, para comemorar<br />

o aniversário de algum santo ou por ocasião de<br />

alguma festa especial”. E ainda acrescenta: “Esses<br />

músicos são pretos retintos, ensaiados pelos diversos<br />

barbeiros-cirurgiões da cidade, da mesma cor,<br />

os quais vêm ser músicos itinerantes desde tempos<br />

imemoriais”.<br />

Manuel Querino em seu livro “Bahia de Outrora”<br />

de 1916 (QUERINO, apud TINHORÃO, 1998,<br />

p. 162), narra a participação dos barbeiros, nos fins<br />

do século XIX, na ainda hoje conhecida Festa do<br />

Bonfim: “E todos subiam e desciam acompanhados<br />

pelos ternos de barbeiros, ao som de cantatas<br />

apropriadas, numa alegria indescritível. Enquanto<br />

uns se entregavam ao serviço da lavagem, outros,<br />

a um lado da igreja, entoavam chulas e cançonetas,<br />

acompanhados de violão”.<br />

Entretanto, a prática coletiva de música esteve<br />

presente desde o inicio da colonização portuguesa.<br />

Os jesuítas a utilizavam como instrumento<br />

de catequese dos indígenas aldeados e as cartas<br />

Deo Geral da Companhia de Jesus, Manuel da<br />

Nóbrega, dão conta do prazer com que os índios<br />

participavam das missas e das procissões em que<br />

a música era empregada. Assim, a interpenetração<br />

das tradições musicais no Brasil se dá pelo uso da<br />

música em procissões e encenações sacras no início<br />

da colonização, pelo aproveitamento de instrumentos<br />

indígenas e introdução de outros, de origens<br />

diversas – européia, africana. Na tradição indígena<br />

e africana – música e dança estavam associadas<br />

ao sagrado, presentes também nas cerimônias de<br />

cura. Como dito acima, os Senhores de engenho e<br />

dirigentes introduzem música em suas “cortes” já<br />

no início do século XVII.<br />

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