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Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb

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Territórios de aprendizagem: um olhar sobre experiências de sucesso escolar<br />

144<br />

well as how they relate and contribute to good outcomes. The data analysis indicated<br />

three lines of research, namely: focus on learning, teacher’s profile and collaborative<br />

culture. This article aims to present and disseminate this work and, by doing so, to<br />

contribute to a more equitable and inclusive education as well as enhance research<br />

on new learning fields.<br />

Keywords: Educational attainment. Focus on Learning. Teacher’s profile.<br />

Collaborative culture.<br />

Introdução: da naturalização do fracasso<br />

à possibilidade do sucesso<br />

Na história da educação brasileira estamos<br />

fartos de histórias de fracasso. O mapeamento dos<br />

problemas, desafios e descasos já foi amplamente<br />

realizado. Experiências de fracasso foram e ainda<br />

são objeto de inúmeras pesquisas. Já se aprendeu<br />

muito com elas; dissecando-as, examinando-as,<br />

compreendendo-as. Muito conhecimento foi produzido<br />

a partir do que não deu certo, do que não<br />

foi possível, analisando a vida de tantos meninos,<br />

meninas, jovens, professoras e professores que tiveram<br />

à sua frente dificuldades não vencidas e desafios<br />

grandes ou complexos demais para serem enfrentados.<br />

Para boa parte dos envolvidos, as adversidades<br />

contextuais e estruturais do cenário educacional<br />

brasileiro sempre se constituíram em obstáculos<br />

para se realizar um projeto de educação que garanta<br />

dignidade a quem é profissional e oportunidades<br />

significativas de aprendizagem aos alunos.<br />

Assim, pesquisas sobre fracasso escolar no<br />

Brasil ocuparam, e ainda ocupam, muito tempo<br />

dos acadêmicos, que legitimamente anseiam por<br />

compreender este fenômeno, quer seja nas perspectivas<br />

histórica, política, pedagógica ou psicológica.<br />

Não há dúvida de que muito se aprendeu sobre os<br />

desafios da educação brasileira e as possibilidades<br />

de superação, a partir de investigações desta<br />

natureza. Em 1990, a obra de Patto, “A produção<br />

do fracasso escolar”, representou uma referência<br />

importante para pesquisas sobre este objeto. Essa<br />

autora, em parceria com outras estudiosas da Universidade<br />

de São Paulo (USP), escreveu, em 2004,<br />

um artigo sobre o estado da arte das pesquisas<br />

sobre fracasso escolar no Brasil, entre os <strong>anos</strong> de<br />

1991 e 2002, naquela universidade. Apenas nesse<br />

trabalho foram identificadas 71 obras, entre teses<br />

e dissertações.<br />

Também não se discute a pertinência da análise<br />

dessa problemática, tendo em vista os vários<br />

cenários e indicadores sociais e educacionais 1 que<br />

atestam que um dos grandes desafios da educação<br />

atual é que os estudantes brasileiros estejam na<br />

escola APRENDENDO.<br />

Entretanto, é urgente questionar se a continuidade<br />

da análise da problemática educacional sob<br />

a ótica do fracasso é o melhor, ou pelo menos o<br />

único caminho frutífero para as pesquisas na área<br />

de educação. Esta reflexão parte da inquietação de<br />

que, embora não se questionem as contribuições das<br />

pesquisas sobre o fracasso para a compreensão da<br />

realidade, esta ênfase também pode ter contribuído<br />

para o fortalecimento de um determinado modo<br />

de olhar para a realidade da educação pública<br />

brasileira, que, de alguma forma, naturalizou essa<br />

condição da escola como produtora de fracasso,<br />

tornando este resultado um “lugar comum”, quase<br />

uma condição da escola e uma condenação dos<br />

estudantes, visto que, em geral, as experiências de<br />

fracasso não causam estranheza aos educadores,<br />

embora causem incômodo. O fato é que historicamente<br />

houve um investimento tão intenso – e necessário<br />

– para se compreender esse fenômeno que,<br />

ao fazê-lo, mesmo sem essa intenção, os muitos<br />

motivos atribuídos ao fracasso contribuíram para<br />

o fortalecimento dessa cultura como inerente aos<br />

contextos educativos em diferentes épocas.<br />

1 Segundo o relatório Situação da Infância e Adolescência Brasileira<br />

(Sjab)/2009, apesar de passar em média dez <strong>anos</strong> na escola, os estudantes<br />

brasileiros completam pouco mais de sete séries. Apenas 64%<br />

conseguem finalizar o Ensino Fundamental com a idade esperada de<br />

14 <strong>anos</strong>. Em relação ao Ensino Médio essa taxa cai para 47%. Outro<br />

indicador educacional relevante é o Índice de Desenvolvimento da<br />

Educação Básica (Ideb), que tem como meta atingir a média 6,0<br />

em 2015. Em 2005, dos 5.563 municípios brasileiros, 1.242 foram<br />

considerados prioritários para as ações de intervenção do Ministério<br />

da Educação porque tinham Ideb – Ensino Fundamental <strong>anos</strong> iniciais<br />

– abaixo da média nacional para 2005 de 3,8.<br />

Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 143-154, jul./dez. 2009<br />

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