Número Especial: FAEEBA 25 anos PPGEduC 10 anos - Uneb
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Desenvolvimento do Milênio (ODM). A educação<br />
de adultos, incluída internacionalmente nas garantias<br />
educacionais como direito social e humano,<br />
legitima-se como estratégia para o desenvolvimento<br />
humano, socioeconômico e cultural diante de um<br />
mundo em reconfigurações.<br />
Mesmo assim, existe uma distância entre ser<br />
reconhecida e legitimada e ser efetivamente posta<br />
em ação. No caso da América Latina e Caribe,<br />
diante da magnitude das questões estruturais ou da<br />
falta de interesses dos gestores em reconhecerem<br />
as prioridades dessa modalidade educativa, ou pela<br />
falta de recursos financeiros, ou pelas dificuldades<br />
de natureza técnica e pedagógica exigidas pelas<br />
especificidades da EJA, estes ideais educativos<br />
mesmo incluídos no índice de Desenvolvimento<br />
da Educação, a EPT vem ao longo desses <strong>anos</strong><br />
encontrando dificuldade para receber a atenção<br />
merecida propiciando o agravamento da pobreza<br />
e das desigualdades.<br />
No ano de 2008, o Informe Mundial de Acompanhamento<br />
da Educação para Todos – EPT estimava<br />
que 18 países na América Latina e no Caribe tinham<br />
possibilidade de atingir, ate o ano 2015, quatro das<br />
seis metas educacionais 3 tidas como fatores de<br />
transformação, pressupondo a existência de uma<br />
relação direta entre educação e desenvolvimento,<br />
mas, ao mesmo tempo, reconhecia que à medida<br />
que os países se aproximavam dessas metas, também<br />
enfrentavam a ampliação e os reflexos das situações<br />
globalizadas de exclusão, conflitos étnicos,<br />
discriminação de gênero, desigualdade tecnológica<br />
e problemas sócio-ambientais, fatores que limitam<br />
as possibilidades de empoderamento individual e<br />
coletivo das populações e o êxito das iniciativas<br />
direcionadas para o desenvolvimento regional.<br />
Esta região, dividida em duas sub-regiões:<br />
América Latina e Caribe, formada por 41 países e<br />
territórios e habitada por 577 milhões de pessoas, é<br />
marcada por mundos singulares e distintos e configurada<br />
por complexas realidades. Como costumava<br />
dizer Otavio Ianni, cada país “possui uma história,<br />
um jogo de forças sociais, uma combinação peculiar<br />
de formas de vida e trabalho, compreendendo<br />
raças, regiões, culturas, tradições, heróis, santos,<br />
monumentos, ruínas” (IANNI, 1993, p. 11), paixões<br />
e dilemas. Nela, o arcaico e o moderno se<br />
entrecruzam, compondo e preservando, de forma<br />
Revista da <strong>FAEEBA</strong> – Educação e Contemporaneidade, Salvador, número especial, p. 187-196, jul./dez. 2009<br />
Emília Maria da Trindade Prestes<br />
semelhante, históricas desigualdades sociais, econômicas<br />
e políticas, culturais, raciais e regionais.<br />
O conjunto dessas semelhanças e diferenças faz da<br />
América Latina e Caribe uma região composta por<br />
realidades complexas, mesclada por interesses e<br />
situações opostas, antagônicas e duais. Existe uma<br />
região burguesa, dominante e oficial que profere<br />
e reproduz discursos dos poderes e poderosos e<br />
do mercado; do desenvolvimento, produtividade,<br />
modernização, tecnologias. A outra é popular: camponesa,<br />
operária, marginal, dispersa na sociedade e<br />
na geografia e revelando alternativas diferentes de<br />
vida, de sobrevivência, cultura e valores. Por essas<br />
razões, a América Latina e Caribe tem nas histórias<br />
das suas lutas socais voltadas para a superação<br />
das suas históricas condições de dependência e<br />
desigualdades, a sua característica mais marcante.<br />
Dados do Cepal de 2007 informavam que 34,1% da<br />
população dessa região vivia em situação de pobreza<br />
e 12,6%, em situação de pobreza extrema. Em<br />
contrapartida, a região possui a maior concentração<br />
de milhardários, em dinheiro, propriedades e obras<br />
de arte (documento da Unesco/MEC).<br />
A despeito dos padrões culturais oficialmente<br />
reconhecidos, marcante também é a sua multiculturalidade,<br />
afirmada nas diversidades culturais e<br />
formas de expressão e nos diferentes idiomas. Além<br />
do espanhol, francês e inglês, idiomas considerados<br />
línguas oficiais, existem outras seiscentas línguas<br />
faladas na região, além das suas variações, em<br />
geral faladas por populações indígenas, estimadas<br />
em cerca de 400 grupos étnicos e de quarenta milhões<br />
de pessoas habitando, sobretudo, o México,<br />
Peru, Guatemala e Bolívia. Somam-se a estas<br />
importantes frações de população afrodescendente<br />
falando línguas crioulas, frequentemente ocultas<br />
em diagnósticos e estudos regionais e dificilmente<br />
contempladas nos programas e nas políticas educacionais.<br />
(MEC/Unesco/Confintea, 2009, op. cit.).<br />
Esta invisibilidade costuma dificultar que questões<br />
relativas às condições sócioeconômicas, zona de<br />
residência, identidade étnica e de gênero continuem<br />
sem serem resolvidas.<br />
É verdade que segundo o Cepal, entre os <strong>anos</strong> de<br />
2002 a 2007 a pobreza se reduziu na região, mas,<br />
3 Estas metas são: universalização da educação fundamental, aumento<br />
dos índices de alfabetização de adultos, paridade de gênero e<br />
qualidade educativa.<br />
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